A Polícia de Segurança Pública (PSP) anunciou esta sexta-feira a detenção de dois homens, de 20 e 24 anos, suspeitos de liderarem um esquema de burla conhecido como “falso acidente”, que vitimou pelo menos 11 idosos, lesando-os em mais de 60 mil euros.
O grupo, composto por quatro homens e duas mulheres, operava principalmente na área metropolitana de Lisboa, simulando colisões em parques de estacionamento ou centros comerciais para extorquir dinheiro às vítimas, preferencialmente pessoas idosas entre os 68 e os 88 anos.
De acordo com o comunicado do Comando Metropolitano de Lisboa (Cometlis), os suspeitos circulavam de carro à procura de alvos vulneráveis, abordando-os com a alegação de que a vítima havia causado danos no seu veículo. Convenciam ou coagiam os idosos a pagar quantias entre 1.500 e 5 mil euros, preferencialmente em dinheiro vivo, ou acompanhavam-nos a multibancos para efetuar transferências ou levantamentos.
Em alguns casos, ajudavam as vítimas a inserir o PIN do cartão ou apropriavam-se dele para continuar as subtrações. Uma das burlas resultou na perda de cerca de 25 mil euros de um idoso, só interrompida pela intervenção dos filhos.
Seis mandados de busca de Lisboa aos Açores
As detenções ocorreram na quarta-feira, após seis mandados de busca em Lisboa, Queluz, Caneças, Vialonga e Ponta Delgada, nos Açores. Foram apreendidos documentos financeiros, 2.550 euros em numerário, um automóvel e duas munições de calibre 7.62 mm. Os dois detidos ficaram em prisão preventiva, enquanto outros três suspeitos foram constituídos arguidos com termo de identidade e residência.
O subintendente Tiago Fernandes, do Cometlis, explicou que o grupo estudava os hábitos das vítimas e simulava acidentes para evitar “papelada”, descrevendo os detidos como “atenciosos” para ganhar confiança.
Falar logo com a Polícia
A PSP identificou o esquema no início do ano e admite que possam existir mais vítimas não denunciadas. Fernandes aconselha a contactar imediatamente a polícia em situações suspeitas, pedir ajuda a terceiros ou funcionários bancários, e nunca transportar o PIN junto ao cartão multibanco.
Braga e Póvoa de Lanhoso
Embora o caso principal se centre em Lisboa, relatos semelhantes circulam nas redes sociais sobre incidentes em Braga e arredores, ainda não confirmados pela PSP.
Num post recente, Mário Rocha alertou para uma tentativa de burla no estacionamento do Media Markt de Braga, onde um indivíduo alegou ter sido atropelado e exigiu 200 euros por um telemóvel partido, ameaçando chamar familiares.
Outros utilizadores, como Fátima Gonçalves, relataram um episódio na Póvoa de Lanhoso, onde uma idosa foi pressionada a pagar por danos fictícios num carro, escapando graças à intervenção de transeuntes.
Francisco Xavier partilhou uma experiência similar, resolvida na PSP, e Sílvia Duarte mencionou que o pai foi alvo no Lidl de Maximinos, Braga, com riscos intencionais no veículo para simular um acidente – identificando uma Renault preta como envolvida.
Estes relatos, partilhados ao longo dos últimos quatro dias, mostram uma possível expansão do esquema para o Norte do país.
Com Lusa.
