Livre acusa executivo de arrogância e diz que os “consensos buscam-se não se impõem”

Debate do programa do XXV Governo Constitucional
Livre acusa executivo de arrogância e diz que os “consensos buscam-se não se impõem”
Foto: Lusa

O Livre acusou hoje o Governo de arrogância ao incluir medidas da oposição no seu programa sem consultar as forças políticas do parlamento, afirmando que os “consensos buscam-se, não se impõem”.

Durante o debate do programa do XXV Governo Constitucional, que decorre até terça-feira, na Assembleia da República, o porta-voz do Livre Rui Tavares acusou Luís Montenegro de arrogância por ter incluído neste documento 80 medidas da oposição sem dialogar com os partidos previamente.

Afirmando que “os consensos buscam-se, não se impõem, muito menos à revelia dos interlocutores”, Rui Tavares considerou que Luís Montenegro “tem a oportunidade de fazer a governação de acordo com as melhores práticas” da União Europeia.

“Ou nós temos, como criticávamos no passado, governos que consideram que o programa do Governo é apenas o programa eleitoral do partido que sustenta esse Governo, mudando a capa, – e criticávamo-lo quando era António Costa que se sentava no seu lugar, – ou então temos Governos que querem procurar genuinamente a responsabilidade do parlamentarismo”, sustentou.

Rui Tavares considerou que o Programa do XXV Governo Constitucional “traz o pior dos dois mundos”, acusando o executivo de ter um documento que “não corresponde àquilo que apresentou aos portugueses, como ainda por cima, aquilo que tem no programa do Governo e que vem dos outros partidos não é em diálogo com os outros partidos”.

Tavares pediu a Montenegro um “modelo de boa governação participada e dialogada” ao invés de “um modelo de taticismo em que dá um bocadinho de IL aos ricos, um bocadão de Chega às redes e manieta o PS”.

“Este país precisa de uma oposição que tenha trabalho difícil. Mas olhando para os governos do PS neste século, tenho a impressão que com a vossa arrogância nos fazem o trabalho demasiado fácil”, rematou.

Luís Montenegro refutou a acusação de arrogância, que considerou excessiva, e respondeu com ironia.

“Eu, sinceramente, achei que era desnecessário perguntar aos partidos políticos se concordavam com as suas próprias propostas, mas fico com a vossa nota de que apreciam muito os nossos encontros”, atirou.

Considerando que a inclusão das medidas é um ato de respeito para com a oposição, Montenegro salientou, contudo, que o atual sistema político-constitucional não permitiria que o executivo abrisse um processo negocial com a oposição sobre o programa do Governo antes de este ser apresentado ao parlamento.

Algo diferente, completou, é a execução do próprio programa, ao longo dos próximos anos.

Durante a sua intervenção, Rui Tavares tinha feito um reparo sobre o facto de o líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, não estar sentado no hemiciclo naquele momento.

Momentos depois, já no fim da resposta do primeiro-ministro ao PCP, o líder parlamentar do PSD fez questão de pedir a palavra para justificar que a sua ausência se prendeu com a votação para a Mesa da Assembleia da República, a decorrer ao mesmo tempo do debate.

O porta-voz do Livre voltou a pedir a palavra, e o presidente da Assembleia da República fez um apelo geral para que os deputados “interpretem de forma mais leal o regimento” e que usem a figura das interpelações à mesa sobre a condução dos trabalhos de forma “mais rigorosa”, para que “não haja uma subversão à utilização de figuras regimentais para outros fins que não aqueles que estão previstos”.

José Pedro Aguiar-Branco disse também estar “a pensar reunir individualmente com os líderes parlamentares para sensibilizar para essa realidade”, dado que “há muitos deputados novos e será bom que tenham essas indicações quanto à leitura correta do regimento”.

 
Total
0
Shares
Artigo Anterior
Cantor dos anjos diz que recebeu ameaças de nacionalistas após vídeo de joana marques

Cantor dos Anjos diz que recebeu ameaças de nacionalistas após vídeo de Joana Marques

Próximo Artigo
Pj desmantela milícia de extrema-direita (um dos detidos é psp)

PJ desmantela milícia de extrema-direita (um dos detidos é PSP)

Artigos Relacionados