Um simulacro “salvou” quatro “banhistas isolados” nas águas bravas do rio Cávado, na Praia Fluvial da Ponte do Bico, em Palmeira, Braga, na manhã desta sexta-feira, pondo à prova a capacidade operacional das duas corporações de bombeiros de Braga e de outras valências operacionais do concelho e tendo ainda como observadores os experientes Bombeiros Voluntários de Amares.
No exercício, quatro homens foram “surpreendidos”, na Praia Fluvial de Palmeira, em Braga, na sequência de descargas de águas, no rio Cávado, realizadas na Barragem da Caniçada, em Valdosende, Terras de Bouro, que se prolongou pelos concelhos de Vieira do Minho, da Póvoa de Lanhoso, de Amares, de Vila Verde, de Braga, de Barcelos e de Esposende.
Desta vez sem uso de quaisquer embarcações a motor, foi a remos e a nado que os operacionais se atiraram às águas bravas e com o caudal muito elevado do rio Cávado, numa zona de charneira, onde passa também o rio Homem, um pouco mais a norte tendo devido à força das correntes das águas bravas do rio Cávado, sido graças a muito custo, “salvos” os quatro “náufragos”. Um primeiro só à terceira é que foi “resgatado” e diretamente a nado, enquanto o segundo foi através de um bote salva-vidas a remos (sem motor) e os outros dois mais a jusante, pelos antigos moinhos e azenhas da Praia Fluvial da Ponte do Bico, em Palmeira, Braga.














A zona contígua da Central Elevatória do Cávado (da AGERE) e da Ponte do Bico, inserida numa área mais abrangente, a de Entre Pontes, ponde onde passam os rios Cávado e Homem, unem Braga, Amares e Vila Verde, sempre com muitos banhistas, onde mesmo no verão, com os caudais habitualmente mais baixos tem havido diversos pré-afogamentos e mesmo afogamentos, por isso mesmo dois dos “banhistas isolados” estavam junto da Central da AGERE, que com a E-Redes (ex-EDP) tiveram participação ativa neste simulacro.
Por isso mesmo foi esse o cenário ideal, gizado pela Companhia de Bombeiros Sapadores de Braga, que em parceria com os Bombeiros Voluntários de Braga, realizou o simulacro, desde logo porque baseado em factos reais, já que em 2024 houve dois casos naquele curso do rio Cávado de pessoas que ficaram isoladas pela subida do nível das águas bravas, embora sendo salvas.
O comandante da Companhia de Bombeiros Sapadores de Braga, Nuno Osório, ladeado pelo comandante dos Bombeiros Voluntários de Braga, Pedro Ribeiro, orientaram as operações de socorro e de salvamento, a cargo dos operacionais, mulheres e homens, de ambas as corporações do concelho de Braga, que têm intensificado a formação. A seu lado estava o segundo comandante dos Bombeiros Voluntários de Amares, Miguel Eiras, porque se trata de uma corporação com experiência acumulada em intervenções decisivas não só no rio Cávado, como no rio Homem.
Este ano, devido às intensas chuvadas, é muito provável que haja várias e significativas descargas no rio Cávado, a montante, provenientes da Caniçada, sendo que apesar de no ano de 2024 terem sido salvos todos os intervenientes nas duas situações de pré-afogamento, os bombeiros bracarenses querem estar ainda mais preparados para qualquer caso, fazendo mais e melhor.
A Praia Fluvial da Ponte do Bico, em Palmeira, na margem esquerda do rio Cávado, foi ampliada, recentemente, com muitos melhoramentos, sucessivamente, indo ao encontro da cada vez maior procura, o que passa pela segurança, especialmente nesta época de veraneio que já se vive, pelo que além de simulacro, foi também mais uma ação de sensibilização, para os perigos que têm sempre os cursos fluviais.
O vereador do Ambiente e da Proteção Civil, Altino Bessa, e do coordenador Municipal de Proteção Civil de Braga, Vítor Azevedo, entre outros responsáveis, bem como dirigentes e operacionais da Empresa Municipal AGERE, a assistir e igualmente a participar.
Nos últimos tempos, a Companhia de Bombeiros Sapadores de Braga tem vindo a investir na formação inicial e contínua dos seus operacionais como mergulhadores, que banha o concelho de Braga, através sua margem esquerda, desde Crespos a Padim da Graça, passando por Navarra, Adaúfe, Palmeira, São Paio de Merelim e Mire de Tibães, em Ruães, pela central hidroelétrica.
A zona escolhida para o simulacro desta sexta-feira é uma espécie de epicentro, de “quatro caminhos” fluviais, com Adaúfe e Palmeira (Braga) na margem esquerda e Lago (Amares) e Soutelo (Vila Verde) na margem direita, prolongando-se do lado de Braga a jusante por São Paio de Merelim e do lado de Vila Verde por Prado e Cabanelas, zona sempre com muitos veraneantes.
A montante da Ponte do Bico, onde decorreu este simulacro, também já têm sucedido casos idênticos de pessoas sozinhas, de casais ou de grupos que com frequência ficam isolados, nas partes mais altas das margens, como os rochedos, o que se verifica ultimamente na Praia de Verim (Póvoa de Lanhoso), na Praia do Cavadinho (Crespos, Braga) e na Praia de Ancede (Amares).






Mais a montante, nascendo na Serra do Larouco, em Montalegre, o rio Cávado passa na margem esquerda por Vieira do Minho e Póvoa de Lanhoso, até Braga, enquanto pela sua margem direita segue através de Terras de Bouro, de Amares, de Vila Verde e de Barcelos, até desaguar em Esposende, caraterizado por caudais muito irregulares, devido às descargas das suas barragens.
O Cávado é um dos principais rios portugueses, nascendo a 1.535 metros de altitude, na Serra do Larouco, com o comprimento de 122 quilómetros, até à foz, no Oceano Atlântico, em Esposende, tendo como principais afluentes na margem esquerda o rio Rabagão e na margem direita os rios Homem, Cabril, Caldo e Prado, sendo que a principal albufeira do rio Cávado, que é a da Caniçada, tem a capacidade útil de 144.400.000 metros cúbicos e um caudal médio anual de 70,51 metros cúbicos por segundo.