A mudança de instalações de uma agência funerária na vila de Lanheses, em Viana do Castelo, motivou o lançamento de uma petição de moradores contra o novo local escolhido, alegando que causará “impacto visual negativo pela circulação frequente de carros fúnebres” e “desconforto psicológico”. Por seu turno, a funerária sublinha que já está implantada na mesma zona, o Largo Capitão Gaspar de Castro, tratando-se de uma mudança de apenas 100 metros, e que “é um comércio como outro qualquer”.
Na petição online, que ao início da tarde desta quinta-feira já tinha sido subscrita por quase 300 pessoas, um grupo de “moradores e amigos de Lanheses” insurge-se contra a “instalação no centro cívico, ou junto a habitações noutro local da freguesia, de comércio de conservação, exposição e preparação de cadáveres humanos”.

“É do conhecimento público, embora até ao momento com caráter informal, que a paróquia de Lanheses cedeu, a título que desconhecemos, imóvel, cito no Largo Capitão Gaspar de Castro, s/nº (a seguir ao nº121), para os fins acima identificados. Ora, a instalação deste equipamento comercial pressupõe, numa zona histórica, habitada, plena de atividade comercial e circulação de pessoas, incluindo crianças e jovens do Agrupamento de Escolas, que dá acesso ao nosso Parque Verde e é o grande salão de visitas da nossa freguesia, vários impactos”, pode ler-se no texto.
O texto começa por salientar o “impacto visual negativo pela circulação frequente de carros fúnebres, caixões e de corpos”. Mas também diz que terá “impacto na qualidade de vida pela proximidade a um espaço cuja atividade gera desconforto psicológico para os moradores e frequentadores do Largo Capitão Gaspar de Castro, além das constantes preocupações ambientais pela natureza do processo de preparação dos corpos que envolve desinfeção, embalsamamento, reconstrução anatómica, manuseamento de fluídos e órgãos”.
A petição alerta, ainda, para a “desvalorização do espaço público pelo constrangimento que a referida atividade gera num ponto de encontro e de convívio, com esplanadas, jardins e espaços de lazer”.
Por fim, é destacado o “impacto económico negativo no comércio e turismo”.

Por isso, a petição pede às entidades responsáveis que “tenham em consideração” aquelas preocupações e “diligenciem no sentido de defender a qualidade de vida e o desenvolvimento sustentável e de preservar o caráter acolhedor e tradicional da nossa bonita freguesia, que foi recentemente elevada à categoria de vila histórica”.
“Não é o local mais adequado”
Um dos promotores da petição, Nuno Figueiredo, considera que “não faz sentido nenhum fazer aquilo ali, não é o local mais adequado”. Defende, ainda, que a paróquia, proprietária do edifício, podia arrendá-lo a outro tipo de negócios, uma vez que, segundo diz, “há muitos interessados”.
Além da petição, está também a circular na localidade, que já este ano foi elevada a vila histórica, um abaixo-assinado.
“É só mudar de espaço, é desviado 100 metros”
Contactado por O MINHO, o proprietário da Funerária Lourarcos, Olegário Gonçalves, diz não compreender o motivo da petição, uma vez que a empresa já está instalada no mesmo Largo Capitão Gaspar de Castro, no número 366: “É só mudar de espaço, é desviado 100 metros”.
“A funerária já existe junto do mesmo espaço e é um comércio como outro qualquer”, afirma Olegário Gonçaves, que também é presidente da Distrital do PSD de Viana do Castelo e assumiu, já este mês, a presidência da Câmara de Arcos de Valdevez, substituindo João Manuel Esteves, que renunciou ao cargo para ser candidato à Assembleia da República.
O responsável da funerária nota que ainda não há data para a abertura e considera que “as pessoas deviam informar-se melhor sobre a pretensão para o espaço”, garantindo que “não tem nada a ver”, como é alegado na petição, com “exposição de cadáveres humanos”.