Histórica firma de Braga que teve 22 lojas no país entra em insolvência

Casa da Sorte – Organização Nogueira da Silva
Foto: Arquivo

A Casa da Sorte – Organização Nogueira da Silva, SA, nascida em Braga em 1933 pela mão do falecido Comendador que lhe deu o nome, entrou em janeiro em processo de insolvência por decisão do Juízo do Comércio do Tribunal de Lisboa.

A firma, que tem sede em Lisboa e sucursais em várias cidades, Lisboa, Porto, Coimbra e Faro, sem esquecer a de Braga (no Largo de São Francisco) – e chegou a ter 22 lojas de norte a sul do país- , tem cerca de 70 credores. A declaração de insolvência, a que O MINHO teve acesso, nomeia Raul de Dios Gonzalez Benito, com escritório na capital, como administrador de insolvência. São administradores da devedora: Miguel Pedro Rosa Braga da Costa e Carlos Jose Lopes Patricio Dias, ambos com residência fixada na Avenida Almirante Reis, Nº. 106-A, em Lisboa. 

O MINHO não conseguiu contactar o Administrador judicial, mas ao que apurou, o processo encontra-se em fase de reclamação de créditos, desconhecendo-se o montante total em dívida.

A empresa vinha, à longos anos, a enfrentar dificuldades de tesouraria, com planos de revitalização aprovados pelos credores. Só que, em maio de 2024, o Tribunal de Lisboa proferiu uma decisão de não-homologação do último Plano de Revitalização que apresentara.

A seguir, em dezembro, um dos credores pediu a insolvência da firma.

Deixou a firma aos trabalhadores

A Casa da Sorte foi fundada em 1933 em Braga e é uma das mais antigas e prestigiadas marcas distribuidoras dos jogos sociais (lotarias) da Santa Casa da Misericórdia. O seu lema publicitário é: “A dar sorte aos portugueses desde 1933”. António Augusto Nogueira da Silva, comendador e benemérito da cidade, deixou, antes de morrer, a empresa aos funcionários, os quais ao longo dos anos foram vendendo as suas participações. Em 1972 tornou-se uma sociedade anónima.

Em Braga, a memória do Comendador está perpetuada no bairro que mandou construir durante o Estado Novo e no edifício ondevivia na Avenida Central, e que doou à Universidade do Minho que ali gere uma Casa-Museu.

Em 2017 foi aprovado PER de 35 milhões

Em 2017, o semanário Expresso dava conta de que a firma estava a braços com dívidas de mais de 35 milhões de euros, sendo quase quatro milhões ao Estado português.

A lista provisória de credores indicava que eram no valor de 35,8 milhões de euros, os créditos reconhecidos pelo administrador judicial, Nuno Albuquerque, advogado em Braga. que, contactado pelo Expresso, disse ser ainda prematuro fazer comentários sobre o processo, por estar agora a começar.

De 2012 a 2015, – dizia ainda o periódico – a faturação da Casa da Sorte esteve sempre acima dos 50 milhões de euros por ano.

Na altura, o Estado português era credor de mais de 10% do que a Casa da Sorte devia. A Autoridade Tributária tinha a receber 2,7 milhões de euros de IRC de 2016 e ainda 149 mil euros de imposto de selo relativo a 2012, 2013 e 2014. A Segurança Social, por seu turno, tinha a ahver mais de um milhão de euro, devido a pagamentos em atraso desde junho de 2016 e ainda a algumas contribuições mais antigas, que remontam a 2012. Mas o maior de todos os credores da Casa da Sorte era a Caixa Económica Montepio Geral, que tinha a receber 21,5 milhões de euros.

 
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