A Comissão Política da Concelhia do PSD de Barcelos manifestou, esta terça-feira, em comunicado, “total solidariedade” ao deputado e vereador Carlos Eduardo Reis, acusado no processo Tutti-Fruti.
O político foi acusado pelo Ministério Público acusado de 21 crimes, entre eles corrupção, prevaricação, tráfico de influência e abuso de poder.
O partido defende a “presunção de inocência”, princípio que o PSD Barcelos considera “fundamental num Estado de Direito”.
“No exercício das suas funções, enquanto vereador a tempo parcial da Câmara Municipal de Barcelos, o Dr. Carlos Eduardo Reis sempre mereceu e deu total confiança, integrando uma equipa que tem, desde o primeiro dia, trabalhado em prol do desenvolvimento do concelho”, refere a nota assinada por Ricardo Barroso, secretário da Comissão Política do PSD Barcelos.
Posto isto, a Comissão Política do PSD Barcelos sublinha que “aguardará com total serenidade o funcionamento da Justiça e o desfecho deste caso, mantendo total confiança no deputado e vereador Carlos Eduardo Reis”.
O movimento independente Barcelos, Terra de Futuro (BTF), que integrou a candidatura à Câmara de Barcelos em 2021 em que Carlos Reis foi eleito, também está solidário com o vereador.
“O BTF manifesta inequivocamente, toda a confiança política ao Dr. Carlos Eduardo Reis, em todos os cargos políticos que ocupa (deputado e vereador), aguardando com toda a tranquilidade e serenidade o normal funcionamento da justiça, com respeito pela separação dos poderes consagrados constitucionalmente”, lê-se na nota enviada hoje a O MINHO.
Vai abandonar Parlamento
Como o nosso jornal noticiou, o deputado do PSD Carlos Eduardo Reis anunciou, na sexta-feira, que vai suspender o mandato no final do mês por ter perdido a confiança política da direção da bancada no Parlamento, embora dizendo não concordar com esta posição.
Em entrevista à SIC Notícias, o deputado disse que, por sua vontade, cumpriria o estatuto de deputado e aguardaria pela acusação definitiva do processo Tutti Frutti, e só suspenderia o mandato se fosse pronunciado, ou seja, após a fase de instrução.
“Já percebi que a direção do grupo parlamentar não acha isso (…) Há um limite que também ponho, é o da confiança política, já percebi que não há confiança politica”, afirmou.
Por essa razão, adiantou, não irá continuar como deputado contra a vontade do grupo parlamentar nem irá passar a deputado não inscrito.
“A minha opinião é que deveria continuar, mas no final do mês, depois de cumprir obrigações que tenho até lá, suspenderei funções no grupo parlamentar”, afirmou.
Já sobre a sua condição de vereador na Câmara Municipal de Barcelos, Carlos Eduardo Reis disse ter a intenção de o cumprir até ao final.
“Não tive oportunidade de falar com o presidente da câmara, mas penso que em Barcelos se cumpre a lei”, justificou.
Na quarta-feira, o líder parlamentar social-democrata, Hugo Soares, afirmou que vai pedir a Carlos Eduardo Reis, acusado pelo Ministério Público no âmbito do processo Tutti Frutti, para suspender já o seu mandato de deputado do PSD.
Na terça-feira, o Ministério Público deduziu acusações contra 60 arguidos no âmbito do processo ‘Tutti Frutti’ por crimes de corrupção, prevaricação, branqueamento e tráfico de influência. Entre os acusados estão dois deputados do PSD, Luís Newton – que já tinha anunciado que pediria a suspensão – e Carlos Eduardo Reis, que esteve fora do país em representação parlamentar.
Na entrevista de sexta-feira à SIC Notícias, o deputado deixou críticas implícitas a Hugo Soares, considerando que a reunião a dois pela qual aguardava “foi substituída por uma reunião pública”.
“Não há choque entre mim e o grupo parlamentar, há visões diferentes. Eu se fosse líder do grupo parlamentar, chamaria os envolvidos tentando tratar a questão com um tempo que não o do Jornal da Noite”, afirmou.
O deputado considerou que, neste processo, se está a substituir a “presunção de inocência pela presunção de culpa” e até a violar o estatuto dos deputados, dizendo que “o grupo parlamentar acusa mais rápido que o Ministério Público”.
“Não quero fazer deste assunto uma guerra entre mim e o líder do grupo parlamentar. Se o meu partido entende que não há confiança política para continuar, não continuarei”, afirmou, referindo-se ao mandato de deputado.