Vizinhos do idoso assassinado em Esposende já temiam o pior

António Santos foi enterrado no Pinhal de Ofir
Fotos: Joaquim Gomes / O MINHO

Os vizinhos do octogenário assassinado na Apúlia e depois enterrado no Pinhal de Ofir, em Esposende, já temiam o pior quanto ao destino desse e dos outros idosos, mas nunca esperaram que fosse cometido um homicídio e muito menos de forma macabra.

Augusta Cunha, vizinha, afirmou a O MINHO que “há muito tempo os idosos eram maltratados, berros e choros, de dia e de noite”.

“Estávamos fartos de alertar pessoas que cá vinham, só num ano morreram quatro idosos, alguns poucos dias após chegar”, contou.

A vizinha mais próxima do apartamento de acolhimento de idosos salientou que daí até pensarem “que iam matar alguém é que ninguém estava à espera”. “Eu até cheguei a ir desejar Bom Natal a casa deles e sem saber desejei boas festas ao assassino”, disse.

“Na altura deixei de ver esse senhor, que costumava andar numa moto elétrica, mas nunca pensei que o matassem e que ainda o enterrassem num pinhal, não se faz”, salientou Augusta Cunha a O MINHO, mostrando-se “muito chocada com tudo isto”.

A vítima, António Amaral Santos, de 85 anos, natural do concelho vizinho da Póvoa de Varzim, foi assassinado no apartamento da Praceta Manuel Rebelo, no centro da vila da Apúlia, só que falta apurar através de que método e quais os meios utilizados.

O homicida confesso, Salah Eddine Mammeri, de 38 anos, imigrante de nacionalidade argelina, que tentou esconder o crime ao comunicar à GNR de Esposende o falso desaparecimento do idoso, foi detido pela PJ de Braga e está em prisão preventiva.

A comunicação do desaparecimento foi no dia 29 de novembro de 2024. Entretanto, a companheira do imigrante argelino, mulher com dupla nacionalidade, brasileira e portuguesa, fugiu da Apúlia já depois do crime, tendo ficado Salah Eddine Mammeri sozinho a tomar conta dos idosos que o casal acolhia, até ter sido detido.

A Polícia Judiciária de Braga está agora a investigar o modo como o cuidador da família de acolhimento assassinou o idoso que estava a seu cargo, num apartamento da Apúlia, em Esposende, crime motivado pela avidez de ficar com os bens da vítima.

O facto de Salah Eddine Mammeri se ter limitado a fazer uma participação proforma de desaparecimento no Posto da GNR de Esposende, sem lançar alertas nas redes sociais, nem espalhar panfletos com a foto do octogenário, também levantou suspeitas.

Sabe-se que o homicida confesso terá colocado a scooter elétrica da infeliz vítima perto da antiga residência de António Amaral Santos, para dar a entender que, sofrendo, embora em baixo grau, de Alzheimer, se tivesse desorientado, na Póvoa de Varzim.

Entretanto, a Brigada de Homicídios da PJ de Braga tenta obter o paradeiro da companheira do homicida confesso, para saber se teve comparticipação ou pelo menos cumplicidade também no homicídio ou somente na profanação e ocultação do cadáver.

Era essa mulher, Sandra Matias, nascida no Brasil, mas com dupla nacionalidade, brasileira e portuguesa, que adotou o nome argelino Kadijah Mammeri, que há mais de cinco anos acolhia idosos no apartamento onde vivia, no centro da vila da Apúlia.

Cadáver desenterrado há uma semana

O cadáver de António Amaral Santos foi há uma semana desenterrado num canavial do Pinhal de Ofir, na Rua São João de Deus, em Fão, com colaboração dos Bombeiros de Fão e de Esposende, decorridos quase dois meses do assassínio.

Segundo a versão do próprio imigrante argelino, o cadáver terá sido transportado do apartamento na Apúlia, para uma rua sem saída, no Pinhal de Ofir, dentro do automóvel do cuidador da família de acolhimento, que saiu pela garagem para não ser visto.

A partir de 29 de novembro, até 11 de dezembro, foram sendo levantadas quantias em dinheiro e feitos pagamentos com cartões bancários da vítima, num total de cerca de 2.500 euros, o que adensou as suspeitas da PJ relativamente ao imigrante argelino.

Na Urbanização dos Moinhos, no centro da Apúlia, os vizinhos ainda estão chocados não só com o assassínio do octogenário, dentro do apartamento, como com o facto de ter sido enterrado num canavial aí próximo, no Pinhal de Ofir.

 
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