A couve penca de Mirandela apresenta boa qualidade este ano, mas faltou frio no momento certo para que apresente as características típicas do legume que está presente na consoada, dizem produtores do concelho do distrito de Bragança.
Alfredo Araújo tem 64 anos e tem terrenos na aldeia de Contins. Há 35 que planta couve penca. Por mais do que uma vez, chegou a ter 22 mil couves plantadas, legumes de tamanho avolumado e pesos que, por norma, começam nos cinco quilos.
Agora, diz que tem vindo a plantar menos porque é mais difícil escoar o produto. Ainda assim, para este Natal há muita encomenda, não fosse um acompanhamento à mesa típico no nordeste transmontano.
A colheita, essa, devia ter começado só por esta altura do Natal, mas já há duas semanas que as pencas estão prontas.
O ano “correu a favor das pencas”, com “pencas em todos os cantos”, mas faltou o frio, que fecha o repolho central da couve.
Alfredo notou que os anos têm estado cada vez mais quentes, o que para as couves não é muito bom, porque adiantou a produção.
Os agricultores, revelou Alfredo, têm vindo a fazer ajustes, ao passarem a plantação de agosto para setembro.
Contudo, ainda não afinaram ponteiros com o novo clima, onde só ainda houve, conta Alfredo, “três ou quatro dias de frio” no meio de “uma primavera autêntica”.
Por isso, viu as couves a “desenvolver-se muito mais rápido” e, por consequência, há de vê-las estragarem-se à mesma velocidade.
A alguns quilómetros das hortas de Alfredo ficam os campos da Escola Profissional de Agricultura e Desenvolvimento Rural de Carvalhais, a EPA, e, enquanto os alunos aproveitam as férias da quadra, o professor Francisco Pereira é um dos que continua a tomar conta das pencas.
São usadas na cantina da escola, onde estudam 200 alunos, e outras são vendidas.
Francisco Pereira também atestou que não se registou o frio suficiente, ainda que seja “um ano bom”.
A escola vende o quilo da couve, que é biológica, a 1,60 euros, o mesmo preço do ano passado, podendo ser reajustado nesta semana se houver mais procura.
Vendem em Mirandela, em Braga e é possível comprar na casa das vendas da escola, onde não sabem “de onde são as pessoas”, segundo Francisco.
Um bom exemplar de penca quer-se com “um bom repolho – o globo central – fechado, de cor mais esbranquiçado, e as folhas exteriores mais verde-escuro e com boa nervura”, explicou o professor.
Alfredo vende a um 1,50 euros, também a rondar os valores da campanha passada, mas nota que há menos poder de compra.
“Nota-se nas pessoas. Querem couvinhas pequeninas, quando por esta altura queriam couves grandes. Não sei se as famílias já não são as mesmas, ou o que está a acontecer”, concluiu.