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A generalidade dos partidos de oposição ao Executivo camarário de Braga, liderado por Ricardo Rio, criticou, sexta-feira à noite, na Assembleia Municipal o “atraso” na concretização do Parque Ecomonumental das Sete Fontes, uma promessa com 11 anos.
Mas o PSD, o PPM e o CDS contrapuseram que “a Câmara já tem quase 20 hectares de terrenos” e lembraram, pela voz do centrista Carlos Neves. que, se se tivesse optado pela expropriação chegar-se-ia a números superiores aos do estádio, que custou 190 milhões de euros.
Recorde-se que o Parque ambiental baseia-se nas Sete Fontes, a estrutura setecentista de abastecimento de água à cidade e é complementado por uma grande área florestal e de lazer, com 90 hectares: 30 para zona verde, 30 para floresta e 30 para habitações.
“É tempo demais. O Plano de Ordenamento Paisagístico só agora foi encomendado”, disse o socialista, João Nogueira, dizendo que se tem de fazer uma leitura política sobre este compromisso da maioria.
João Nogueira falava sobre um ponto da Ordem de Trabalhos em que a Câmara dava conhecimento aos deputados da concretização da quarta Unidade de Execução urbanística, prevista no Plano de Urbanização do Parque e que vai permitir que os proprietários que ali têm terrenos, construam na orla do Parque.
O deputado lembrou que o PS sempre votou a favor do Parque, disse que, “começa a ser muito tempo de incumprimento da principal promessa de Ricardo Rio” e defendeu que “a Câmara tem ferramentas à sua disposição para usar, de forma a tomar posse dos terrenos, nos casos em que os donos de terrenos, não aceitem a proposta de construção, por perequação, ou seja, cooperando uns com os outros para os emparcelarem”.
BE diz que Parque Norte foi para os xeques e emirs
Antes, o deputado do Bloco de Esquerda, António Lima havia dito não ser aceitável que a Câmara diga que não avançou com o Parque por não ter dinheiro para expropriações: “diz que não há verbas mas deu, – aludindo ao Sporting Clube de Braga – com a desculpa da utilidade pública, os terrenos do Parque Norte, junto ao estádio, que tinham sido expropriados a privados, a quem faz negócios como a gente sabe, aos xeques e emirs”, afirmou.
“Porque é que não se pode? Não é falta de dinheiro é falta de vontade política”, exclamou.
CDS diz que em 2013 havia zero m2
Carlos Neves lembrou, então, que, em 2013, quando a Coligação Juntos por Braga (PSD(CDS/PPM e Aliança) venceu as eleições, a Câmara tinha zero metros quadrados de terrenos nas Sete Fontes: “hoje, com a cedência que o Ministério da Saúde vai fazer, de sete hectares, serão já 20 os que estão na posse da Câmara”, assinalou.
Disse que, se se optasse pela expropriação e atendendo aos direitos de construção adquiridos pelos proprietários aquando da gestão do socialista Mesquita Machado, “seria preciso um balde de dinheiro, de muitas dezenas de milhões para os pagar”.
Garantiu que “ficaria mais caro que o Estádio” e vincou que a solução encontrada com os privados é equilibrada e que o Parque verde está a ser feito “a passo a passo” embora ainda possa demorar alguns anos, até estar concluído.
PSD diz que há culpados
Já o PSD, através de Rui Marques, afirmou que houve culpados no processo de implementação da estrutura ambiental, aludindo à anterior gestão camarária do PS: “Dizem que já devia estar pronto, mas a política é a arte do possível, e ninguém pode dizer que temos estado parados a deixar degradar o património natural do concelho”.
Acentuou que a maioria já procedeu à renaturalização do rio Este, deixado em estado degradado, e lembrou que o novo PDM – em fase final de parovação – prevê mais 30 hectares de área verde em Frossos e um outro parque na Quinta da Arcela: “esta Câmara batalha e luta e está no caminho certo”!
Iniciativa Liberal, Junta de S. Vítor, CDU e PAN
As críticas ao “atraso” haviam partido de Bruno Machado, da Iniciativa Liberal, que falou em “miragem” e recordou que, ”dantes criticava-se Mesquita Machado por nada fazer em matéria de zonas verdes, mas agora verifica-se o mesmo, pois as Sete Fontes não nascem e o parque do Picoto está ao abandono”.
A seguir, o autarca de S. Vítor, Ricardo Silva defendeu que é necessário saber-se o que vai acontecer aos lençóis de água que ficarão debaixo das construções e perguntou qual o tipo de acompanhamento arqueológico que as obras terão, atendendo a que, na área, estão referenciados vestígios que vêm da idade do Bronze final.
A CDU, pela voz de Pedro Casinhas afirmou que, “dificilmente” ali se verá algum parque : “assistimos é à concretização do plano de urbanização”, declarou, sublinhando que seria normal que já houvesse projeto de arquitetura paisagística e projeto de execução, mas ainda estão em elaboração”.
Em sua opinião, devia-se “suspender a execução do Plano de Urbanização, de forma que as construções e as zonas verdes fosse avançando ao mesmo ritmo”.
O PAN afinou pelo mesmo diapasão, criticando o atraso e lamentando que, assim, “continue a não haver qualidade de vida na cidade.”