Em Braga há duas velocidades: “Parado no trânsito ou demasiado depressa”, diz BE

Críticas do Bloco de Esquerda à política de mobilidade
Foto: CM Braga

A Comissão Coordenadora Concelhia do Bloco de Esquerda de Braga deixou críticas à forma como a mobilidade na cidade foi pensada ao longo das últimas décadas, afirmando que a “ideia de uma cidade amiga do automóvel ligeiro faz com que em Braga os veículos tenham apenas duas velocidades de circulação: ou parados nas filas de trânsito ou demasiado depressa”.

Em comunicado enviado a O MINHO, os bloquistas lembram “os recentes episódios de atropelamentos” que deixam a nu um “problema de mobilidade” na cidade, e, consideram, “esse problema não se resolve com medidas pontuais, como a adoção do BRT, nem com a criação de equipas de trabalho”.

“Os executivos camarários de Braga adotaram há décadas um modelo de mobilidade centrado na criação de vias rápidas de circulação automóvel pelo espaço urbano, que se veio a revelar profundamente contraproducente. Se, inicialmente, as variantes permitiram fazer fluir o trânsito automóvel e favoreceram a criação de uma área exclusiva de circulação pedonal no centro urbano, o crescimento da cidade levou à incorporação das variantes no seu perímetro, o que aumentou significativamente a sinistralidade e agravou os problemas de congestionamento”, aponta o Bloco de Esquerda de Braga.

Os bloquistas admitem que nem todos os “sinistros acontecidos” são por causa da “política do município”, mas apontam que a “promoção da circulação em automóvel ligeiro potencia os acidentes, e que o atual executivo não só nada fez para minimizar o problema, como ainda o agravou”.

Dizem ainda que o Bloco de Esquerda defendeu, “ao longo dos últimos anos e nas últimas eleições autárquicas”, o desenvolvimento “do transporte público como prioridade, a transformação progressiva das variantes em avenidas urbanas e a periferialização do trânsito de atravessamento do concelho”.

“Isto tem de se traduzir numa cidade amiga dos peões e da mobilidade suave e não dos carros”, advertem.

O Bloco propõe “facilitar a mobilidade para os peões com percursos pedonais, passeios com pisos regulares, passadeiras elevadas e mais frequentes, com sinalética vertical e horizontal adequada, uma rede articulada para veículos suaves e transportes públicos com prioridade sobre os particulares”.

“Também queremos que o transporte público tenha vias próprias para poderem cumprir horários, uma rede articulada dos TUB-CP, mais transportes suburbanos e entre concelhos, maior e melhor informação, passes intermodais e o alargamento da rede e a frequência das carreiras”, diz o mesmo comunicado.

O partido admite que estas são “medidas que se podem revelar impopulares, como a limitação do acesso dos veículos ligeiros a zonas com grande pressão de tráfego e a reconfiguração das vias rápidas ara diminuir a velocidade dos automóveis”.

“Mas tem de ser feito. Em Braga uma pessoa é atropelada de três em três dias e não podemos continuar a olhar para isto como se fosse inevitável. É hora de agir e o Bloco de Esquerda não deixará de denunciar a falta de ação da Câmara e apresentar soluções”, conclui o comunicado da comissão coordenadora concelhia.

 
Total
0
Partilhas
Artigos Relacionados
x