A greve às horas extraordinárias dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) está a deixar várias ambulâncias INEM inoperacionais, incluíndo nas capitais de distrito do Minho: Braga e Viana do Castelo.
Ao que O MINHO apurou, em Viana do Castelo, pelas 13:00 horas, a única ambulância exclusiva do INEM está parada, com o concelho a subsistir das ambulâncias INEM alocadas aos bombeiros.
Em Braga, pela mesma hora, não só está parada a ambulância INEM número 02 (existem duas), como também a mota do INEM. Apenas as VMER e uma ambulância INEM estão em serviço.
O Grande Porto está a ser assistido por ambulâncias INEM de corporações de bombeiros, algumas vindas de Famalicão, mas também de Ovar e Carvalhos.
Ao que O MINHO apurou, estão paradas as 6 ambulâncias e uma mota INEM no Grande Porto, e em concelhos como Matosinhos (mota), Rio Tinto (ambulância), Gaia (ambulância 2) e Ovar (ambulância).
Pelas 13:00 horas, existiam 193 chamadas em espera em todo o país para serem atendidas pelos serviços de emergência. Só no Centro de Orientação de Doentes Urgentes do Norte, sediado no Porto, hoje faltam dez elementos, o que corresponde a quase metade do ‘staff’.
Esta manhã, o presidente do INEM, Sérgio Janeiro, admitiu, em entrevista à RTP, “preocupação pela falta de recursos humanos que podem levar a atrasos na ativação do socorro”, mas rejeita existir “falência de emergência médica”.
O MINHO tentou obter mais informações junto do INEM, mas sem sucesso até ao momento.
Riscos da greve
O presidente do Sindicato Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (STEPH), Rui Lázaro, criticou a falta de resposta e alerta para os riscos que esta greve está a causar nos serviços do INEM. .
Segundo o dirigente sindical, o protesto que começou na passada quarta-feira “é uma greve sem termo, que só terminará quando nos forem apresentadas soluções, que têm que passar pela valorização da carreira técnica de emergência pré-hospitalare também pela valorização do seu índice remuneratório”.
“Volvidos seis meses da tomada de posse, a única resposta que nos deram foi que eventualmente iriam rever a nossa carreira em 2025”, disse Rui Lázaro, sobre o novo Governo.
O sindicato considera que foi “claramente empurrado para estas ações reivindicativas”, que incluem a manifestação e uma greve ao trabalho extraordinário que se vai prolongar até que sejam apresentadas “as soluções efetivas” que os profissionais aguardam “há tanto tempo”.
Rui Lázaro admite ser “expectável que, com esta greve, possam vir a agravar-se esses constrangimentos”.
“Mas estamos obviamente disponíveis para suprimir ou para avançar para o levantamento da greve, caso o Governo resolva apresentar-nos as soluções que tarda em apresentar”, considerou.
Salário de 920 euros
O salário base é de 920 euros, pouco atrativo para contratar novos quadros, como mostram os sucessivos concursos por preencher, explicou Rui Lázaro, salientando que as saídas de técnicos têm sido uma constante, com oito dezenas a despedirem-se do INEM só em 2023.
O resultado é a ausência de quadros suficientes para satisfazer as necessidades do país, com apenas 721 elementos quando o quadro previsto é de 1.480 técnicos.
Não há lugar para serviços mínimos
No pré-aviso de greve, a que a Lusa teve acesso, o STEPH informa que, uma vez que a greve abrange apenas as horas extraordinárias, não considera haver lugar a serviços mínimos, pois “todo o trabalho urgente e emergente, em horário normal de trabalho, continuará a ser garantido em todos os turnos”.
O STEPH considera que “exemplos de colapso do sistema de emergência médica sucedem-se” e sublinha que, “na última segunda e quinta-feira”, existiram no CODU “mais de 100 chamadas em simultâneo em espera para serem atendidas”.
Com Lusa.