Um estudo internacional publicado no jornal Nature Cities, realizado pelos laboratórios de ciências computacionais da Sony, em Roma, mostra as “cidades 15 minutos” de todo o mundo – onde estão incluídas Braga, Guimarães e Viana do Castelo -, e onde é possível aceder aos serviços básicos diários, a pé ou de bicicleta, em cerca de 15 minutos.
A ferramenta foi construída através dados “open-source” e indica cerca de 10.000 “cidades 15 minutos” em todo o mundo, dez delas em Portugal, onde a região do Minho domina com o maior número de cidades por entre todas as regiões do país.
O conceito de “cidade 15 minutos” ganhou popularidade nos últimos anos depois de Paris ter adotado esse conceito, que já existe desde a década de 1960, com menos carros na cidade, incluíndo ao redor do rio Sena, e o aumento da utilização de transportes de mobilidade suave para aceder aos serviços básicos diários numa média de 15 minutos.
Em Portugal, o Governo apoiou recentemente um webinar dedicado ao tema, realizado pela plataforma europeia “Driving Urban Transitions”, onde foi abordado “o caminho de transição para a cidade de 15 minutos”.
“O conceito da cidade de 15 minutos baseia-se na ideia de que os habitantes da cidade devem ser capazes de responder à maioria das suas necessidades diárias num raio de 15 minutos, a pé e de bicicleta, enquanto se conectam a outros distritos e percorrem distâncias maiores por outras formas de transporte sustentável”, explica o Governo, através do Turismo de Portugal.
Braga é a cidade mais 15 minutos do Minho e uma das três principais de Portugal
O MINHO consultou a plataforma que avalia as cidades 15 minutos em todo o mundo e constatou que Braga é uma “cidade 15 minutos” a pé no centro, mas para toda a cidade apenas de bicicleta é possível aceder às necessidades diárias num quarto de hora.
Os dados relativos a Braga mostram que, de bicicleta, é possível cobrir praticamente toda a cidade em menos de 15 minutos, com algumas exceções localizadas na periferia.
Os serviços disponíveis que se encontram acessíveis em menor tempo passam, sobretudo, por comida e mantimentos em geral, espetáculos culturais, lazer, entre outros.
Comida é o único indicador que se encontra a menos de 15 minutos de quase todos os locais da cidade, tanto a pé como de bicicleta, indicando um número elevado deste tipo de comércio em relação a outros.
A atividade física está no lado oposto, apenas coberto no centro da cidade e num ou outro ponto da periferia, sendo que a maioria da cidade fica a mais de 15 minutos, isto a pé.
A nível nacional, a plataforma da Nature Cities identificou 10 cidades com potencial “15 minutos”, com Braga a situar-se no top-3, ao lado do Porto e apenas superada por Lisboa. As outras cidades são Viana do Castelo, Guimarães, Póvoa de Varzim, Lisboa, Faro, Coimbra, Viseu, Aveiro e Porto.
Viana do Castelo mais acessível a Sul da cidade
Viana do Castelo também é considerada uma “cidade 15 minutos” pela plataforma desenvolvida pela Sony, mas com menor alcance quando comparado com Braga.
Contudo, de bicicleta, é possível aceder a uma grande parte do concelho em menos de 15 minutos, sobretudo a Sul do rio Lima, cobrindo quase toda a sua extensão ao longo do litoral.
Guimarães mais acessível de bicicleta
Em Guimarães, a terceira e última cidade minhota incluída nesta plataforma, é possível percorrer uma pequena parte da cidade, a pé, em menos de 15 minutos, com a grande maioria a levar 28 ou mais minutos.
De bicicleta, à semelhança de Braga, é possível aceder a quase toda a cidade de Guimarães em menos de um quarto de hora, como mostra a plataforma da Nature Cities.
Matteo Bruno, fisico na Sony Computer Sciente Laboratories, e principal investigador deste estudo, diz ter ficado surpreendido com os resultados, por serem bastante díspares.
Os investigadores descobriram que as cidades mais acessíveis encontram-se sobretudo na Europa, e são de tamanho “médio”, com cerca de 95% dos residentes a conseguirem aceder aos serviços mais básicos, como restaurantes, hospitais ou parques, em menos de 15 minutos.
No fundo da lista estão as grandes metrópoles dos Estados Unidos da America e também do Brasil.
Pode consultar aqui o estudo.