Há “indícios” que apontam para “boa produção” de azeite este ano

Conselho Oleícola Internacional
Foto: Lusa

O diretor executivo do Conselho Oleícola Internacional (COI), Jaime Lillo, disse hoje que “os indícios” apontam para “uma boa produção” de azeite na próxima campanha olivícola, o que vai impactar a formação dos preços desse produto.

“Os indícios são de que vai haver uma boa produção, mas é preciso esperar ainda pelas primeiras estimativas, e creio que isso terá uma consequência direta na formação dos preços”, afirmou o responsável à agência Lusa, à margem de uma reunião em Beja.

Para Jaime Lillo, que lidera a delegação do COI que está de visita ao Alentejo, até quarta-feira, para conhecer melhor a olivicultura e a produção de azeite em Portugal, “ainda é cedo” para saber se os preços vão subir ou descer, mas as perspetivas são positivas.

“Agora é que vão começar a surgir as estimativas oficiais das campanhas dos principais países produtores” de azeite, após o que será possível conhecer melhor a situação, sublinhou.

Questionado pela Lusa sobre a subida do preço do azeite em 2023, que no caso de Portugal aumentou mais de 70%, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), o diretor executivo do COI reconheceu que, nos últimos dois anos, houve “um retrocesso da produção”, o que implicou “níveis de preços totalmente inéditos”.

“Nunca tínhamos visto preços tão altos, porque houve uma escassez de produto”, mas, “esperamos que a tendência de crescimento das produções e do consumo seja recuperada brevemente”, argumentou.

Segundo Jaime Lillo, a procura do azeite tem vindo a aumentar e a alargar-se a nível mundial, enquanto, em resultado das duas últimas campanhas, a produção diminuiu.

“A nível mundial, as tendências são bastante claras, quanto mais azeite produzimos, mais azeite é consumido, quer dizer, não se consome mais azeite porque não existe”, afirmou.

E, continuou, “cada vez há mais pessoas que vão descobrindo o azeite”, pelo que tem havido “um incremento importante do consumo de azeite em regiões não tradicionais, não mediterrânicas, como é o caso dos Estados Unidos, Canadá, Brasil, China, Japão e Austrália”.

Contudo, “há muita margem para crescer”, visto que o azeite “não alcança os 2% do consumo de óleos vegetais”, assegurou o responsável do COI, organização intergovernamental criada pelas Nações Unidas em 1959 que integra 46 países, incluindo os 27 da União Europeia.

A anfitriã da visita do COI a Portugal é a OLIVUM – Associação de Olivicultores e Lagares de Portugal, com 49 mil hectares de olival, 130 grupos associados, mais de 300 explorações e 18 lagares.

Após a reunião em Beja, em que participaram também a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), CONFAGR – Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas e do Crédito Agrícola de Portugal e Casa do Azeite, a diretora executiva da OLIVUM, Susana Sassetti, estimou uma “boa produção” este ano, a nível nacional.

Se o cenário atual se mantiver, será “uma boa produção, provavelmente idêntica à que foi o ano passado, mas ainda é cedo para dizer”, indicou, acrescentando que em Espanha, país que influencia os preços do azeite, é esperada uma produção “muito maior” do que a dos dois últimos anos, o que é um indicador positivo: “Prevê-se que, entretanto, os preços possam baixar por causa disso”.

 
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