A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, admitiu hoje que podem existir constrangimentos nos mapas das urgências do país, mas reafirmou que estes planos são atualizados dia a dia.
“Temos 90% das urgências abertas [incluindo obstétricas e pediátricas], o que é fruto de grande esforço por parte das equipas. Os mapas são atualizados dia a dia, mas são atualizados em cima do que já está previsto nas escalas. As férias são marcadas no primeiro trimestre e as escalas são apresentadas para três meses, mas há imprevistos. Nós já herdámos esta situação. No ano passado, por esta altura, tínhamos exatamente o mesmo tipo de constrangimentos”, disse Ana Paula Martins.
A ministra da Saúde falava aos jornalistas no Hospital Fernando da Fonseca, na Amadora (distrito de Lisboa), um dos equipamentos hospitalares que visitou esta manhã para conversar com as equipas dos serviços de Ginecologia/Obstetrícia.
“Estamos a monitorizar ao dia tudo o que se passa nas nossas urgências”, disse Ana Paula Martins.
Antes, fonte do gabinete do Ministério da Saúde indicou à Lusa que em Portugal continental estão hoje 90 serviços de urgência de todas as especialidades abertos, sete fechados e nove com constrangimentos.
A mesma fonte avançou que os mapas que indicam quais os serviços de urgência abertos no território continental estão a ser atualizados “pelo menos uma vez por dia” e que o sistema SNS24/INEM é atualizado “ao minuto”.
O primeiro hospital visitado hoje por Ana Paula Martins foi o Hospital São Bernardo, em Setúbal.
Em declarações à SIC na unidade, a ministra da Saúde admitiu que foram detetados erros na península de Setúbal.
“De facto, o sistema ainda não está a funcionar totalmente de forma adequada e tivemos erros ontem [sexta-feira]. Estão a ser feitos testes. Espero que na próxima semana os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde consigam ter esta informação, que é dinâmica, cada vez mais perfeita. Admito que possam existir outros [erros além de Setúbal], temos de estar sempre a avaliar enquanto não tivermos o sistema otimizado”, disse, à saída do Hospital São Bernardo.
Já à chegada ao Hospital Fernando da Fonseca, quando questionada sobre se consegue garantir que todos os constrangimentos vão ser superados, Ana Paula Martins mostrou-se otimista, mas não se comprometeu em absoluto.
“O que o Ministério da Saúde consegue garantir é que tudo faremos para minimizar os constrangimentos. Ninguém poderá, e eu também não, dizer que não haverá constrangimentos. Esta organização não pode ser conseguida em dois meses”, disse.
Salvaguardando que na Ginecologia e Obstetrícia, bem como na Pediatria, “a previsibilidade é muito maior”, Ana Paula Martins admitiu, no entanto, que “há zonas do país, incluindo de Lisboa e Vale do Tejo, onde se depende muito de equipas de médicos que trabalham de forma tarefeira”.
“E nessas situações é mais fácil haver constrangimentos que são imprevisíveis”, concluiu.
A ministra da Saúde adiantou ainda que “daqui a duas semanas” começará a ser preparado o Plano de Inverno.
“O novo diretor-executivo [do Serviço Nacional de Saúde, António Gandra d’Almeida] começará a preparação com os hospitais e com os responsáveis da saúde, de forma a conseguirmos organizar as urgências de forma a conseguirmos minimizar os constrangimentos já para o inverno”, referiu.
As visitas de hoje incluíam também a Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa, e o Hospital Beatriz Ângelo, em Loures.