Os 50 Anos do 25 de Abril foram assinalados esta manhã em Cabeceiras de Basto com a realização
da Sessão Solene da Assembleia Municipal, “momento alto” do programa comemorativo, uma cerimónia presidida por Augusto Santos Silva, ex-presidente da Assembleia da República.
Em comunicado, a autarquia refere que depois do hastear da bandeira nacional, com guarda de honra dos Bombeiros Voluntários Cabeceirenses, o executivo municipal liderado pelo autarca Francisco Alves, o presidente da Assembleia Municipal, assim como representantes dos partidos e movimentos políticos com assento na mesma Assembleia, presidentes de juntas de freguesia, membros das Comissões de Honra e Executiva das Comemorações dos 50 Anos do 25 de Abril de 1974 e seus representantes, entre outras entidades civis e militares do concelho e do distrito, participaram, também, na Sessão Solene que decorreu na Sala de Sessões da Assembleia Municipal.
Augusto Santos Silva, convidado pela Comissão Organizadora das Comemorações dos 50 Anos do 25 de Abril para presidir à sessão solene evocativa da efeméride, agradecendo o convite que lhe foi feito, começou por destacar que “celebrar o 25 de Abril é festejar a nossa Casa Comum”.
Partilhando com os presentes os acontecimentos históricos mais relevantes da Revolução de Abril de 1974, Augusto Santos Silva – que se afirmou “um amigo de Cabeceiras de Basto” – disse que hoje “respiramos o ar da liberdade”.
Na sua intervenção, explicou o que quer dizer, para si, a democracia: um “espaço de liberdade que cada um tem”, “regras políticas comuns”, “o regresso à condição de europeus” e “cidadania”.
Estes foram os quatro eixos abordados pelo antigo governante durante a sessão solene, onde afirmou também e enalteceu “o poder local democrático” como “uma das grandes conquistas do 25 de Abril”. E acrescentou: “A casa comum do poder local é uma das mais bonitas e sólidas” de Portugal.
Na sua intervenção, o presidente da Câmara Municipal agradeceu a presença de Augusto Santos Silva na Sessão Solene do 25 de Abril, afirmando ser “uma honra celebrar Abril na presença de um ilustre cidadão que ao longo da sua vida deu tanto de si ao país e à causa pública, como dirigente político, deputado, ministro e como presidente do parlamento português”, presidência esta “marcada pela sua postura de imparcialidade”, não permitindo “discursos de ódio no parlamento”.
Francisco Alves disse que “celebrar Abril terá que ser oportunidade para denunciar movimentos populistas e xenófobos, com os quais a própria democracia convive e a quem concede espaço e liberdade para defesa das suas causas” e que “não podemos ignorar que esses movimentos estão a crescer no país, na Europa e no mundo”, gente que “não terá qualquer pejo de pôr em causa direitos, liberdades e garantias que o 25 de Abril nos proporcionou”.
Enumerando dados estatísticos reveladores do desenvolvimento do país nos mais diversos setores de atividade, o presidente da Câmara Municipal salientou que o “estado social proporcionou aos portugueses o acesso universal à educação, à saúde, à cultura”, assim como “igualdade de oportunidades”.
Francisco Alves garantiu que “a instituição do poder local” foi “responsável pela transformação dos territórios de norte a sul, incluindo as regiões autónomas”. E continuou: “Somos bons e dos melhores no mundo em muitas áreas da atividade humana e do conhecimento. Sintamos orgulho pelo caminho percorrido”.
O edil prestou, ainda, homenagem aos capitães e militares de Abril e suas famílias, ao povo português e aos homens e mulheres que abraçaram a causa pública.
Declarando que “o país mudou radicalmente para melhor”, Francisco Alves desafiou todos a darem o seu contributo para continuarmos “a melhorar e a desenvolver o país, a região e o concelho”.
Nas suas palavras, o presidente da Assembleia Municipal começou, também, por “agradecer a Augusto Santos Silva a sua presença nesta data tão importante que exalta um dos momentos mais altos da vida e da história do povo português e de Portugal”, disse, distinguindo “é um democrata e uma referência académica e política” e “tem levantado, de uma forma clara, frontal e firme, a sua voz contra a demagogia, o populismo e as injustiças”.
Referindo-se ao 25 de Abril como “data histórica, importante para Portugal e significativa para a Europa”, Joaquim Barreto realçou: “Queremos que estas celebrações fortaleçam as aspirações de um futuro melhor que o presente”.
Dando conta de vários indicadores reveladores da realidade de antes do 25 de Abril, Joaquim Barreto disse que “falar do 25 de Abril implica falar do poder local democrático” e das “mais relevantes conquistas destes anos de liberdade, democracia e desenvolvimento”.
E clarificou: “Esta celebração do Município de Cabeceiras de Basto é a prova evidente de que os autarcas – com o seu empenho e com o seu trabalho diário, nas suas aldeias, freguesias, vilas e cidades deste país – promovem o desenvolvimento e fazem acontecer Abril, criando bem estar para as populações” que representam. “Obrigado por tudo o que têm feito e continuam a fazer pelo concelho de Cabeceiras de Basto”, disse.
Quanto ao “novo tempo”, declarou “ser indispensável diálogo sério, responsável, consistente e consequente entre todas as forças democráticas”.
“Há gerações que nunca viveram sem liberdade e que a olham com alguma leviandade e que a dão sempre como garantida”, lembrou o presidente da Assembleia Municipal, reafirmando que “para os jovens de hoje, celebrar Abril deve ser a garantia de que não faltarão braços para lutar pelo cumprimento do seu ‘projeto’, (…) pelo acesso ao trabalho digno, estável e justamente remunerado, pelo fim da precariedade laboral, pelo direito à juventude e ao tempo livre”.
Assegurando que “governar é um exercício difícil”, Joaquim Barreto sublinhou que “está nas nossas mãos continuar Abril, defendendo, aperfeiçoando e reforçando a democracia”. E finalizou: “O 25 de Abril não é passado. O espírito de Abril continua válido e é preciso ‘regar os cravos’, alimentar a Liberdade, ser audazes e fazer coisas capazes de construir o futuro que o 25 de Abril nos abriu. (…) Espalhem Abril e que sejam Abril no vosso quotidiano”.
Em representação da Bancada Municipal do PS, Domingos Machado explicou que “a democracia é a tentativa para a concretização de uma sociedade mais justa” e que em Portugal “continuamos a construir o futuro”. A 50 anos de distância da Revolução dos Cravos, Domingos Machado fez notar que “esta história que nos corre nas veias não pode desaparecer” e que “há liberdades e garantias cívicas imperdíveis”. “Somos o que somos sem esquecer o que podemos ser”, evidenciou, assegurando que, meio século depois, “continuamos aqui e não desistimos”.
Em representação da Bancada Municipal PPD/PSD-CDS-PP, Manuel Sá Nogueira, recordou o 25 de Abril nas palavras da poetisa Sophia de Mello Breyner: “Esta é a madrugada que eu esperava, o dia inicial inteiro e limpo, onde emergimos da noite e do silêncio e livres habitamos a substância do tempo”. E finalizou: “25 de Abril sempre, fascismo nunca mais”.
Em representação do Grupo Municipal IPC, Marco Gomes realçou a importância do valor da “igualdade”, afirmando que “a liberdade é um compromisso com o futuro”.
Apontando o dedo aos responsáveis pelos “rendimentos mal distribuídos”, Marco Gomes disse que “pensar global é pensar local”, invocando a “vontade de ter um futuro pessoal e coletivo”.
O presidente da Junta de Freguesia de Riodouro, Norberto Pires, começou por recordar os militares de Abril, reconhecendo a “valentia daqueles que fizeram a revolução”.
Lamentando que “as freguesias sejam o parente pobre da democracia local”, Norberto Pires apelou aos governantes para “uma maior independência” das freguesias, designadamente ao nível de apoios financeiros do Estado, garantindo que “todos os dias trabalhamos (os autarcas) de forma dedicada para encontrarmos as melhores respostas e soluções para a população”. E concluiu: “Somos uma porta aberta”.
No decurso da cerimónia, na entrada do edifício dos Paços do Concelho, foi, ainda, descerrada uma placa alusiva à visita de Augusto Santos Silva a Cabeceiras de Basto, por ocasião dos 50 Anos do 25 de Abril.
O programa das Comemorações dos 50 Anos do 25 de Abril estende-se até ao final do ano, ficando ainda marcado pela realização de tertúlias, apresentação de livros, plantação de árvores, concertos, conversas de Abril, saraus, pintura de murais, entre outras ações que têm por objetivo “marcar Abril no território cabeceirense”.