VMER de Braga: Há 20 anos a salvar vidas

Foto: O MINHO / Arquivo

A Viatura de Emergência Médica e Reanimação (VMER) de Braga celebra hoje 20 anos a salvar vidas.

Foi no dia 01 de abril de 2004, quando Portugal se preparava para receber o Europeu de futebol, que em Braga, ainda no antigo hospital de S. Marcos, era criada esta resposta para tornar o socorro mais eficaz. Na mesma altura, foram criadas também as de Guimarães e Viana do Castelo.

Desde o primeiro dia, a VMER de Braga conta com o enfermeiro Jorge Correia que, em conversa com O MINHO, recorda que, nessa “fase inicial, as condições eram um bocado rudimentares”.

“Não tínhamos fardas, não tínhamos base física, estávamos sediados na urgência geral de Braga, no Hospital de S. Marcos. Entretanto, com o passar do tempo, foram sendo criadas condições pelas instituições”, nota.

Nessa altura, também a VMER de Braga abrangia uma “área muito maior”, uma vez que ainda não tinham sido criadas as de Barcelos e Famalicão: “Toda a área até Forjães, na fronteira com Viana do Castelo, era nossa”.

“Era um perímetro muito grande e passávamos muito tempo na estrada”, assinala Jorge Correia, notando que, desde então, também o sistema de triagem do CODU (Centro de Orientação de Doentes Urgentes) mudou.

Cerca de 20 enfermeiros e 30 médicos

Se antes a saída da VMER era baseada “no juízo crítico do médico regulador do CODU”, agora há um “sistema de triagem em que são definidas prioridades e, consoante determinados critérios, os operadores vão acionando a VMER”.

“O que nos dá uma seleção diferente do tipo de saídas para as quais somos acionados”, aponta o enfermeiro, notando que, em Braga, muitas ocorrências são “traumas”, o que inclui quedas, acidentes de viação e de trabalho, entre outras situações.

Atualmente, a VMER de Braga tem à volta de 20 enfermeiros e cerca de 30 médicos. No caso dos enfermeiros, a “maioria” ainda é da equipa que começou no dia 01 de abril de 2004, sendo que os mais novos já ali estão “há quatro ou cinco anos”.

Nos médicos, a questão já é bem diferente e têm um “período de passagem na VMER mais curto que os enfermeiros”. “Não temos nenhum médico que tenha começado no início em 2004. O mais velho – é uma médica – é de 2011”, conta Jorge Correia, que, como enfermeiro, é quem conduz a Ford Mondeo, que está baseada na urgência do Hospital de Braga.

“O enfermeiro fica logo focado na condução”

O trabalho do enfermeiro “começa logo a gerir a saída na estrada”. Tem que “conduzir o mais rápido possível, mas com a maior segurança possível para todos os intervenientes” – os que vão na viatura e os que seguem na via pública. “O enfermeiro fica logo focado na condução. A primeira grande preocupação é: como vou chegar ao local?”.

O enfermeiro tem que “ter muito cuidado com o comportamento que os outros veículos têm na via pública”, até porque muitos não sabem lidar com veículos em marcha de emergência, atrapalham-se e acabam por ter comportamentos imprevisíveis.

“Nestes últimos anos houve um crescendo de veículo médicos nas estradas e o que todos nós, enfermeiros, notamos é que as pessoas não estão sensibilizadas nem minimamente preparadas para reagir perante um veículo em marcha de emergência”, considera Jorge Correia.

O profissional salienta mesmo a necessidade de, nas aulas de condução, haver um módulo específico sobre “como nos comportarmos perante um veículo médico em marcha de emergência”.

Entre os principais comportamentos obrigatórios estão “encostar à direita” e “nunca travar ou parar antes de uma curva”.

Outra idiossincrasia dos tripulantes da VMER tem que ver com o facto de muitas vezes chegarem antes dos outros meios de socorro e ter que “gerir o que se encontra no local”, como “familiares stressados e enervados” e “pessoas insatisfeitas, porque quem espera, não tem noção do tempo e espera sempre muito tempo”.

“E temos que gerir a situação em si, que pode ser muito complicada e obriga a haver uma empatia e capacidade de trabalho em equipa muito grande”, destaca Jorge Correia, falando também da “articulação” com outros meios, como bombeiros, proteção civil, PSP e GNR.

Uma articulação que tem vindo a melhorar ao longo dos anos, sendo que o enfermeiro nota que “um crescimento muito grande das competências dos bombeiros, tanto voluntários como sapadores”.

“Notamos uma competência cada vez maior e é cada vez mais fácil trabalhar com eles”, conclui Jorge Correia.

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