Endometriose em foco: Portugal destaca-se em reunião no Parlamento Europeu

“Se tem endometriose ou adenomiose, deve procurar ajuda, não é suposto viver com dores”

ARTIGO DE OPINIÃO

Karen Neves

Fisioterapeuta Pélvica. Saúde da Mulher. Formação em Pilates Clínico, e Reeducação Postural Global (RPG). Professora de Yoga

Na última terça-feira, dia 05 de março, o Parlamento Europeu, em Bruxelas, foi palco de uma importante reunião que trouxe à discussão a endometriose, uma condição que afeta milhares de mulheres em todo o mundo. Entre os presentes estavam deputados europeus e várias associações representantes de doentes na Europa.

A participação da Associação Portuguesa MulherEndo neste evento é um reflexo do reconhecimento do trabalho incansável que a associação tem desenvolvido em Portugal.

Susana Fonseca, MulherEndo. Foto: DR

Susana Fonseca, presidente da direção da MulherEndo, foi convidada a discursar no evento, para partilhar a experiência recente junto ao Parlamento Português. Em 2022, a associação entregou uma Petição Pública que resultou na instituição do Dia Nacional da Endometriose e Adenomiose, além de uma recomendação ao governo para a criação de um grupo de trabalho sobre as patologias, que, lamentavelmente, ainda não teve avanços.

“Acreditamos que este envolvimento do Parlamento Europeu poderá ajudar-nos a conseguir que o Governo Português demonstre maior interesse e envolvimento na criação de uma estratégia efetiva e necessária de apoio às cerca de 350 mil mulheres que sofrem de Endometriose em Portugal. Esta reunião permitiu-nos criar laços e unir esforços com diversas Associações congéneres de outros países. Deste envolvimento conjunto sairá um modelo para uma Estratégia Europeia para a Endometriose a ser apresentada ao Parlamento Europeu.”, afirma Susana Fonseca, Fundadora e Presidente da Associação MulherEndo.

A endometriose é uma doença crónica que afeta cerca de 1 em cada 10 mulheres em idade reprodutiva. Caracteriza-se pela presença de tecido semelhante ao endométrio, fora do útero, que provoca inflamação nas áreas afetadas. Esse tecido, que sangra mensalmente como o endométrio, acaba por causar dor e inflamação devido à falta de uma saída para o sangue. Além disso, pode formar tumores, nódulos ou aderências entre os órgãos, afetando o seu funcionamento.

Embora não haja cura conhecida para a endometriose, é possível controlá-la com acompanhamento médico especializado e abordagens multidisciplinares, como a fisioterapia pélvica, por exemplo. Apesar de benigna e não contagiosa, pode ser agressiva e invasiva, afetando a qualidade de vida das mulheres.

Ademais, é importante ressaltar a relação entre endometriose e adenomiose. A adenomiose, caracterizada pela presença de glândulas endometriais e estroma no miométrio uterino, apresenta sintomas semelhantes e abordagens terapêuticas parecidas com a endometriose, embora seja uma patologia independente.

A reunião no Parlamento Europeu representa um passo crucial para aumentar a conscientização sobre a endometriose e promover ações concretas para apoiar as mulheres que vivem com essa condição em toda a Europa.

Se tem endometriose ou adenomiose, deve procurar ajuda, não é suposto viver com dores.

Conheça a Associação Portuguesa MulherEndo aqui.

 
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