Uma mulher começará a ser julgada na próxima semana, pelo Tribunal de Barcelos, acusada pelo crime de violência doméstica, alegadamente cometido contra o marido, situação que se manteve depois do divórcio, quando ainda moravam na mesma casa.
A suspeita, de 42 anos, está impedida de aproximar-se do seu antigo marido, a menos de 450 metros, tendo-lhe sido aplicada uma pulseira eletrónica, aquando da sua detenção, para o aparelho apitar, em caso de incumprimento dessa medida de coação.
O motivo da sua detenção foi ter esfaqueado o antigo marido, que tem a mesma idade, durante a noite de 28 de abril de 2023, quando ainda viviam juntos, já após o divórcio, estando o homem a cozinhar para ambos, tendo a mulher acabado de acordar.
Segundo refere a acusação do Ministério Público, o esfaqueamento terá sido o culminar de várias situações em que o homem terá sido vítima de insultos e humilhações, por parte da suspeita, mesmo à frente dos filhos do casal, dois quais de menor idade.
Um dos casos relatados pela acusação pública terá ocorrido quando a mulher pontapeou o carro do antigo marido, à porta do Palácio da Justiça de Barcelos, dois dias após o esfaqueamento contra a vítima, que já tinha sido agredido em casa pela mulher.
Ainda segundo o MP, a postura da arguida seria alegadamente pautada pela agressividade e a desconfiança, exaltando-se com facilidade e frequência, o que se adensaria em virtude dos ciúmes e do sentimento de posse que já nutriria em relação à vítima.
A vítima e a arguida residiam numa freguesia dos arredores de Barcelos, explorando uma fábrica de cerâmica, onde terão sido cometidos os factos, para além dos casos verificados na residência comum, até depois do divórcio, decretado no ano de 2020.
A arguida também se queixou de crime de violência doméstica, alegadamente cometido pelo seu ex-marido, mas a magistrada do Ministério Público arquivou tal denúncia, por não haver indícios suficientes para uma eventual acusação ao antigo marido.
É que os testemunhos do filho mais velho do casal, cujo matrimónio foi, entretanto, dissolvido, bem como os depoimentos dos trabalhadores e dos vizinhos foram coincidentes, que as agressões eram constantes, só que sempre da esposa contra o marido.
Sucessivas humilhações
O empresário de cerâmica terá sido também vítima de sucessivas humilhações de caráter sexual, inclusivamente em frente do filho mais velho do casal, atualmente com 20 anos de idade, quando confrontada por manter um relacionamento extraconjugal.
A arguida, assistente administrativa do escritório da empresa do então marido, terá justificado o alegado caso fora do casamento que ainda vigorava, com o facto do marido não lhe proporcionar o mesmo prazer sexual que o homem que o então marido viu.
Natural de Braga e residente em Barcelos, a acusada tem vindo a apresentar várias versões antagónicas daquelas que basearam a acusação do Ministério Público, tendo em conta as declarações que prestou, aquando da sua detenção e outras, já mais tarde.
Entretanto, os dois filhos menores do casal, de doze e de dez anos, por determinação do Tribunal de Família e Menores de Barcelos, só convivem com a mãe, um dia por semana e dois fins de semana por mês, sempre com a supervisão da avó materna.