O presidente da Câmara de Braga, Ricardo Rio acusou, ontem à noite, na Assembleia Municipal, o seu antecessor, o socialista Mesquita Machado de, com a opção da constituição em 2008 da SGEB, a PPP que construiu equipamentos desportivos nas freguesias, ter “esbanjado 80 milhões de euros, atirando-os pela janela”.
O autarca, que interveio após a deputada municipal do PS, Palmira Maciel ter dito que a SGEB foi um investimento que beneficiou as freguesias e os seus habitantes e de acusar a maioria de andar a “denegrir” a gestão anterior dos socialistas, justificou aquele número, dizendo que, na ocasião, e com as taxas de juro vigentes, a Câmara podia ter pedido um empréstimo bancário a 25 anos, em vez de optar por um contrato com os privados a pagar uma taxa de juro de 7,5 por cento.
Anteriormente, o deputado social-democrata João Marques havia sublinhado que a SGEB custou 91,3 milhões até agora, verba a que se somam os 190 milhões do novo estádio.
A Assembleia votou, ontem, por larga maioria a extinção da SGEB-Sociedade Gestora de Equipamentos Desportivos de Braga, – uma PPP, parceria pública privada, em que o Município detém 49 por cento das ações e dois privados, a ABB e uma das empresas do antigo grupo Arlindo Correia. A extinção trará uma poupança de 28,2 milhões, calcula o Município.
Duas a três vezes mais caro
Ricardo Rio lembrou que, de início, estava previsto que a SGEB investisse 65 milhões, mas, desse montante só foram concretizados 30 milhões, que depressa ficaram em 45, porque se fazia nas obras, de forma casuística, mais uma bancada, um muro de suporte ou um balneário..
O edil exemplificou a tese com a construção do relvado sintético de Arcos São Paio – campo que nem sequer tem as medidas regulamentares – que, com financiamento bancário teria custado 1,54 milhões e através das rendas pagas pela Autarquia à SGEB ficaria por 3,5 milhões, preço final se a SGEB não fosse dissolvida.
“O PS optou, deste modo, por imputar aos bracarenses um custo entre 2 a 3 vezes superior ao que era preciso”, lamentou, ironizando que, numa alusão às críticas do PS, os 80 milhões dariam para pagar 500 anos de renda pelo aluguer do São Geraldo.
“Foi um desperdício. dinheiro atirado pela janela… é uma conta dolorosa que envergonha e causa impactos duradouros”, disse, justificando o facto de só agora ser possível acabar com a empresa devido à intransigência dos governos, ainda o do PSD no tempo da Troika e depois os do PS.
SGEB com resultados notáveis
Antes, a socialista Palmira Maciel havia dito que a SGEB foi “um exemplo” de cooperação público-privada com resultados notáveis no bem-estar das populações das freguesias: “que seria da Carta Desportiva do concelho, sem estes equipamentos desportivos?, questionou, sublinhando que não são apenas recintos desportivos, são lugares de convívio e de lazer e de coesão social, com, por exemplo, benefícios ao nível do comportamentos de jovens.
Aludindo às intervenções dos vários partidos – que consideram ruinosa a PPP – disse que descredibilizar a criação da SGEB “não é só injusto, como desrespeita o trabalho dos autarcas das freguesias”.
Lembrou o impacto social positivo também obtido com a construção das piscinas nas freguesias, e acentuou que a empresa requalificou 39 campos de futebol e pavilhões e construiu dois centros cívicos nas freguesias.
Criticou, ainda, o facto de, em 2013, a atual maioria na Câmara ter suspenso a construção do campo de futebol de Gualtar, e pôs em dúvida que, com a extinção, se consiga poupar 28,2 milhões.
Partidos a favor
O debate envolveu tomdas de posição dos restantes partidos com assento no órgão, CDS; CDU; BE, Iniciativa Liberal, PAN e Aliança, todas elas considerando ruinosa a PPP, sendo que a CDU, o BE e o PAN discordam do pedido de empréstimo de 15 milhões de euros que o Município terá de fazer para que os privados saiam e concordem com a passagem para a Câmara. Isto porque – dizem -têm dúvidas sobre os cálculos que levam a esse valor.
