A coordenadora do BE acusou hoje o Governo de “irresponsabilidade e desistência do Serviço Nacional de Saúde” (SNS), no dia em que foi noticiada a transferência de uma grávida de risco para o setor privado.
De acordo com o jornal Público de hoje, a decisão de transferir do Hospital de Santa Maria para a CUF Descobertas, em Lisboa, contraria o que foi anunciado pelo Centro Hospitalar no domingo e corroborado pelo ministro da Saúde que reiterava que os” encaminhamentos, programados e temporários, se destinavam apenas a grávidas de baixo risco referenciadas”.
Em declarações aos jornalistas, no parlamento, Mariana Mortágua lembrou que o Governo começou por dizer que as grávidas de Santa Maria seriam encaminhadas apenas excecionalmente para o privado e só durante o período de obras do bloco de partos deste hospital, e, depois, mesmo antes de as obras arrancarem, que apenas seriam enviadas para as de baixo risco.
“Hoje ficámos a saber que o Hospital de Santa Maria está a enviar grávidas de risco para o privado. É um sinal de irresponsabilidade e de desistência do Governo do SNS”, acusou.
Para a deputada e coordenadora bloquista, “se faltassem algumas provas” esta seria mais uma de que “é preciso salvar o SNS e dar condições aos profissionais que estão em todos os hospitais, incluindo Santa Maria”.
“O país não pode permitir que o maior hospital, o Hospital de Santa Maria, esteja a enviar grávidas de risco para o privado enquanto tem um bloco de partos funcional e capaz de poder acolher essas grávidas e prestar um bom serviço, assim o Governo deseje e crie condições aos profissionais”, apontou.
O Hospital de Santa Maria, em Lisboa, transferiu na quarta-feira para um hospital privado uma mulher grávida de risco com um diagnóstico de diabetes gestacional controlada, contrariando o anunciado pelo Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte (CHULN).
Fontes do Hospital de Santa Maria disseram ao Público que foi dada indicação não escrita por parte do diretor de serviço de obstetrícia para incluir nas listas de transferências para as unidades hospitalares privadas mulheres com diabetes gestacional controlada.
Questionado pelo jornal sobre se tinham sido alterados os critérios de indicações clínicas para as transferências, o Hospital diz que “por questões éticas e legais, o CHULN não fornece dados de casos individuais”.