Centenas de professores cortam trânsito na principal avenida de Viana do Castelo

Durante uma hora
Foto: Joca Fotógrafos / O MINHO

Perto de um milhar de professores em protesto cortaram hoje o trânsito durante uma hora a principal avenida de Viana do Castelo numa manifestação pela escola pública.

O protesto, convocado pela plataforma de nove sindicatos que inclui a Federação Nacional dos Professores (Fenprof) e a Federação Nacional da Educação (FNE), começou a partir das 15:00 no largo da estação de comboios da capital do Alto Minho.

Às 16:00, os docentes de escolas dos 10 concelhos do distrito de Viana do Castelo iniciaram um desfile pela Avenida dos Combatentes da Grande Guerra, onde o trânsito parou durante uma hora.

O desfile terminou na Praça da Liberdade onde, às 17:45, os professores decidiram sentar-se no chão para cumprir um momento de silêncio de seis minutos, seis segundos e 23 centésimos, o tempo que, dizem, simboliza os anos de serviço que não foram pagos.

Armanda Santos, prestes a completar 82 anos, voltou hoje a sair à rua para exigir dignidade para os colegas que continuam a exercer a profissão.

“O professor vê a criança evoluir e fica gratificado. Para ser gratificante a carreira do professor tem de ser valorizada. Só com uma classe satisfeita é que as coisas andam para a frente”, disse Armanda Santos, aposentada desde 2003, ladeada por colegas que a acompanharam no percurso entre a estação de caminhos de ferro e a Praça da Liberdade.

Armindo Moura, dirigente sindical, fundador do Sindicato do Professores do Norte (SPN), do Sindicato dos Professores da Zona Norte (SPZN) e da Fenprof encabeçou o protesto “por solidariedade profissional, mas também como cidadão na defesa da escola pública”.

“A luta já não é só dos professores é também de cada um de nós porque se trata da escola pública. São direitos que estão a ser sonegados e de modo cínico e miserável. A escola pública sofre se não for alavancada na qualificação e na estabilidade da profissão docente”, disse o professor aposentado de 73 anos.

Nuno Fadigas, do SPN adiantou que a mobilização hoje registada em Viana do Castelo e em greves anteriores “tem dado frutos”.

“Muitas das reivindicações que fizemos contra o primeiro diploma dos concursos caíram. Esta contestação empurrou também para uma segunda ronda de negociações que não estava prevista pelo Governo. A contestação dos professores está a dar fruto, continua a dar frutos e, apesar de termos uma maioria absoluta, é preciso perceber que não é eterna. É por isso que insistimos e dizemos que não paramos”, afirmou Nuno Fadigas.

A ação na Praça da Liberdade terminou com o hino nacional e aplausos dos docentes.

Em Viana do Castelo, a greve de professores por distrito começou cerca das 12:00, com dezenas de professores a apelarem para que o Governo os escute e a pedirem “socorro” ao Presidente da República.

“O senhor Presidente da República tem, neste momento, a chave para parte dos problemas que estão a assolar a educação. Tem um diploma que, se vetar, pode tirar um pouco do pântano em que estamos mergulhamos. Se o diploma fosse, eventualmente, aprovado teríamos entre 20 e 30 mil professores desterrados”, afirmou Paulo Cunha um dos docentes que se concentraram em protesto junto à escola EB 2,3 Frei Bartolomeu dos Mártires.

 
Total
0
Partilhas
Artigo Anterior

IVA zero tem grande risco de poder não ser sentido pelos consumidores

Próximo Artigo

Juiz manda prender 'cabecilha' da rede de tráfico em Fafe. Três detidos saem em liberdade

Artigos Relacionados
x