Armas nucleares russas na Bielorrússia marcam “outra escalada”

O chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, defendeu hoje que a colocação de armas nucleares táticas da Rússia na Bielorrússia marca “outra escalada do conflito” na Ucrânia, invadida pelos russos.

Numa entrevista à agência EFE em Santo Domingo, República Dominicana, à margem da Cimeira Ibero-Americana, Josep Borrell disse que o anúncio feito hoje pelo Presidente russo, Vladimir Putin, é também “mais um sinal da colaboração do regime ditatorial da Bielorrússia com a Rússia”.

“Demonstra que temos razão quando tomamos medidas contra o regime da Bielorrússia”, quando se adotam sanções, acrescentou.

Josep Borrell recordou que hoje é o Dia Internacional da Solidariedade com a Bielorrússia, que se assinala desde as “eleições fraudulentas”, lembrando que há mais de 1.500 prisioneiros políticos naquele país.

“A Bielorrússia é uma sociedade nas garras de um regime completamente cativo da sua aliança com Moscovo, e a implantação de armas táticas na Bielorrússia só aumenta esse grau de dependência desse regime que a UE já sancionou e combate apoiando as forças bielorrussas” que lutam na frente dele, acrescentou.

Perante isto, sublinhou, é preciso continuar a fazer “mais do mesmo”: “manter as sanções, manter a pressão, manter o apoio à oposição bielorrussa, apoiá-la financeira e politicamente, tudo o que podemos fazer, mas temos que continuar a fazê-lo”.

Putin anunciou hoje um acordo com a Bielorrússia para a implementação de armas nucleares táticas naquele país que faz fronteira com a Ucrânia, defendendo que tal não viola os pactos nucleares existentes.

O presidente russo referiu que em 01 de julho estará concluída a construção de um depósito especial para colocar aquelas armas no território bielorrusso.

O governo do Reino Unido reconheceu no início da semana ter intenção de fornecer munições com urânio empobrecido às Forças Armadas da Ucrânia, suscitando assim críticas dos russos, que alertam até para uma possível escalada do conflito na Europa de Leste.

Londres, no entanto, defendeu a decisão, argumentando que esse tipo de munição nada tem a ver com armas nucleares e afirmou que não demonstrou afetar negativamente a vida das pessoas ou o meio ambiente, um ponto que Moscovo rejeita e até instou as autoridades britânicas a testar a referida munição em território britânico.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas – 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,1 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Neste momento, pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.

A invasão russa – justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que hoje entrou no seu 395.º dia, 8.317 civis mortos e 13.892 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.

 
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