A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) informou hoje que os “problemas de poluição” no ribeiro de Radivau, em Viana do Castelo, “resultam de ligações indevidas à rede de águas pluviais, no troço em que a mesma se encontra entubada”.
Em resposta escrita a um pedido de esclarecimentos enviado pela Lusa na sequência de uma nova descarga, na segunda-feira, de “óleo e gasóleo” naquela linha de água que atravessa a segunda fase da zona industrial do Neiva, a APA adiantou que, pelo facto das descargas ocorrerem no troço da rede de águas pluviais que está entubada, é “difícil identificar a origem de todas as descargas”.
Segundo a APA, no âmbito das ações de fiscalização que realizou após as primeiras descargas que começaram em janeiro, “identificaram-se situações de rejeição de águas provenientes do separador de hidrocarbonetos sem autorização e práticas suscetíveis de gerar descargas de águas residuais e/ou de lavagens para a rede de águas pluviais”.
“Na sequência destas ações os estabelecimentos industriais foram notificados no sentido de procederem às respetivas correções”, refere a agência tutelada pelo Ministério do Ambiente.
A APA, através do seu departamento descentralizado Administração da Região Hidrográfica do Norte (ARH do Norte), adiantou ter solicitado à Câmara de Viana do Castelo, “como entidade responsável pela rede de águas pluviais, a realização de um diagnóstico pormenorizado do sistema de drenagem de águas pluviais para garantir o seu regular funcionamento, a identificação de afluências indevidas, assim como a limpeza da linha de água, nos locais de estagnação, devido à vegetação existente”.
Aquela entidade admitiu não ter conhecimento da descarga ocorrida na segunda-feira e garantiu que “irá apurar junto das entidades locais, nomeadamente do Núcleo de Proteção Ambiental (NPA) da GNR e do município, informações mais detalhadas”.
A empresa Água do Norte, em resposta escrita à Lusa, referiu que “as descargas mencionadas ocorrem a montante da Estação Elevatória de São Romão do Neiva, infraestrutura de saneamento pertencente ao Subsistema de Saneamento de Viana do Castelo – Zona Industrial”.
“Trata-se de descargas já identificadas e que se verificam com alguma frequência, que são resultantes de descargas das indústrias localizadas perto do ribeiro de Radivau, não estando por isso associadas ao funcionamento das infraestruturas de saneamento da responsabilidade da Águas do Norte”.
Como O MINHO noticiou na segunda-feira, o presidente da Junta de Freguesia de São Romão do Neiva denunciou uma nova descarga de “óleo e gasóleo” no ribeiro de Radivau, junto à segunda fase da zona industrial do Neiva.
Em declarações à Lusa, Manuel Salgueiro manifestou-se “revoltado” com a ausência de medidas para acabar com “o desastre ecológico” que se arrasta desde janeiro.
O ribeiro de Radivau desagua no rio Neiva, entre Castelo do Neiva, Viana do Castelo, e Antas, no concelho de Esposende. No verão é muito frequentado para a prática balnear.
O autarca disse ter reportado o caso à GNR, à empresa Águas do Norte e à Câmara de Viana do Castelo, acrescentando que “as descargas começam na segunda fase da zona industrial onde estão localizadas várias empresas”, escusando-se a revelar o nome das unidades fabris.
Contactada pela Lusa, fonte do Comando Territorial da GNR de Viana do Castelo disse que a patrulha que se deslocou ao local confirmou que o ribeiro “apresenta odor e tonalidade colorida de rejeição de resíduos sem qualquer tratamento”.
A fonte adiantou que a “situação é recorrente” por não ter ainda sido identificada a origem das descargas.
“Há dificuldade em identificar o operador industrial que faz a rejeição dos resíduos diretamente para o ribeiro. Foi utilizado um robot, através das condutas, para chegar ao local da rejeição. Desde a zona industrial até ao ribeiro ainda é uma extensão significativa”, referiu.