Posto de combustível em Guimarães classificado como Monumento de Interesse Público

Projetado pelo arquiteto Fernando Távora
Foto: Ivo Borges / O MINHO

Um posto duplo de abastecimento de combustíveis de Covas, concelho de Guimarães, projetado pelo arquiteto Fernando Távora, foi classificado como Monumento de Interesse Público (MIP), foi hoje publicado em Diário da República (DR).

Na portaria, é descrito que esta classificação “reflete os critérios […] relativos ao caráter matricial do bem, ao génio do respetivo criador, ao seu valor estético, técnico e material intrínseco, à sua conceção arquitetónica, urbanística e paisagística, e às circunstâncias suscetíveis de acarretarem diminuição ou perda da sua perenidade ou integridade”.

No entanto, a mesma portaria reconhece que o edifício se encontra “parcialmente adulterado”.

“Considera-se que não se encontra perdida a sua capacidade evocativa do projeto original, onde o granito local, o betão e o ferro se conjugam com a envolvente natural para compor uma obra de grande valor formal e conceptual, bem ilustrativa do alcance da obra de Fernando Távora e do seu posicionamento em relação aos desafios colocados pela arquitetura moderna”, justifica a Secretaria de Estado da Cultura.

Este duplo posto de combustível de Covas, localiza-se no lugar do Salgueiral, freguesias de Creixomil e Urgeses, no concelho de Guimarães, distrito de Braga.

A obra estava enquadrada num plano de localização de postos de abastecimento que foi encomendado pela SACOR em 1957.

Projetado entre 1959 e 1961, e concluído em 1967, é composto por dois postos implantados em parcelas fronteiras, na encosta do vale de Creixomil.

De acordo com a publicação em DR, o núcleo funcional das bombas é composto por zona de abastecimento protegida por largas palas, completada, no edifício a poente, por uma área de serviço que aproveita o declive do terreno, respeitando o seu grande potencial cenográfico.

“Os arranjos exteriores constituem, de resto, um todo indissociável dos edifícios, sendo indispensáveis para a interpretação do conjunto”, é escrito na publicação.

Esta classificação decorre por proposta da Direção-Geral do Património Cultural (DGPC), conforme foi publicado em DR a 08 de abril, mas o processo é já antigo.

Em março de 2015, a DGPC determinou a abertura do procedimento da classificação, tendo recebido, no ano passado, parecer favorável da Secção do Património Arquitetónico e Arqueológico do Conselho Nacional de Cultura.

No dia 07 de março deste ano, o diretor-geral do Património Cultural publicou o despacho de concordância.

No documento, de 2015, a DRCN justifica que, “face à possibilidade de uma intervenção [por parte da proprietária – empresa Galp Energia] e perante a proposta da Fundação Marques da Silva”, propôs a abertura do procedimento de classificação do espaço como MIP.

A DRCN dizia, então, tratar-se de “um posto duplo de abastecimento de combustível instalado na estrada da cidade de Guimarães, à margem da Estrada Nacional 15”, designada de Rodovia de Covas.

A DRCN concluiu tratar-se de “um exemplar de arquitetura, bem ilustrativo do processo conceptual e criativo do arquiteto Fernando Távora”.

“Nomeadamente de um momento em que a afirmação de modernidade e o seu posicionamento em relação aos valores da cultura e da arquitetura interacional dialogam com a necessidade de fundamentar e ancorar as suas intervenções na realidade, na especificidade dos locais, na consciência das suas condicionantes e do valor cultural e social decorrente da própria intervenção”, lê-se no texto da proposta de classificação da Fundação Marques da Silva, subscrito pela DRCN.

Fernando Távora (1923-2005) foi arquiteto, professor e ensaísta, sendo considerado como o “pai” da Escola do Porto.

 
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