Achados raros em Esposende com mais de 250 mil anos

Arqueologia
Foto: CM Esposende

Um machado de mão em quartzito associado a um depósito marinho, bifaces e outros machados de mão do período Paleolítico Inferior são alguns dos artefactos raros encontrados no Canal Intercetor de Esposende.

Os objetos deram o mote para que, esta semana, arrancassem as primeiras sondagens arqueológicas promovidas naquela jazida paleolítica, descoberta ocasionalmente, em março de 2021, pelo Professor Doutor Sérgio Monteiro Rodrigues, docente de Arqueologia na Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP), explica a Câmara de Esposende.

Segundo a autarquia, o primeiro artefacto, um machado de mão em quartzito associado a um depósito marinho, foi detetado no talude do Canal, tendo sido descoberto durante uma caminhada. Visitas posteriores permitiram a recolha de mais artefactos líticos talhados, nomeadamente de bifaces e de machados de mão, os quais indiciavam um contexto integrável no Paleolítico Inferior, numa cronologia aproximada entre os 250.000 a 300.000 anos. 

Foto: CM Esposende

Para a Câmara, estas evidências permitem extrapolar-se a presença, em Esposende, de grupos humanos que antecederam a chegada do “Homem Moderno” à Europa. Foi neste contexto que a primeira referência pública à jazida paleolítica do Canal Intercetor de Esposende foi apresentada no “Encontro Arqueologia Costeira e Subaquática de Esposende”, organizado pela Câmara Municipal de Esposende em junho de 2022, no âmbito das Jornadas Europeias de Arqueologia’22.

A autarquia revela que dada a importância destes vestígios arqueológicos, os quais são ainda muito raros em Esposende, e tendo em consideração os trabalhos agrícolas que decorrem nas imediações da jazida, foi reconhecida a importância de realização de sondagens arqueológicas, com vista à avaliação do seu potencial.

Foto: CM Esposende

Nesta primeira fase, a equipa optou por cingir as sondagens arqueológicas aos terrenos do Município de Esposende, durante as quais foram recolhidas amostras de sedimentos para análises e para datações. O espólio arqueológico exumado foi acondicionado e inventariado, sendo futuramente depositado no Serviço de Património Cultural da Autarquia.

Foto: CM Esposende

Os trabalhos arqueológicos, codirigidos por Sérgio Monteiro Rodrigues e por Pedro Xavier (Arqueólogo e doutorando da Universidade do Minho), com a participação de estudantes de mestrado de Arqueologia da FLUP, contaram igualmente com a colaboração de Alberto Gomes (Geografia/Geomorfologia – FLUP) e de Ana Paula Almeida (Serviço de Património Cultural – Câmara Municipal de Esposende), para além do apoio logístico, técnico e de equipamentos da autarquia.

 
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