A Eurorregião Galiza-Norte de Portugal pediu hoje ao governo espanhol “o início dos trâmites” para que a ferrovia de alta velocidade entre as cidades do Porto e Vigo seja inaugurada em 2030, data prevista pelo Governo português.
Em comunicado hoje enviado às redações, o Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial da Eurorregião Galiza-Norte de Portugal (GNP, AECT), referiu que o apelo foi hoje feito pelo presidente da Junta da Galiza, Alfonso Rueda, tendo em vista a Cimeira Ibérica que vai decorrer “em Viana do Castelo, prevista para este mês, mas ainda sem data definida”.
“Nas decisões da Cimeira de Viana do Castelo, entre os chefes de Governo e os ministros de ambos os países, que seja incluída a ligação ferroviária de alta velocidade Vigo – Porto e que se inicie, de maneira imediata, a tramitação necessária para fazê-la efetiva nos prazos previstos pelo Governo português”, afirmou Rueda, citado no documento.
Segundo aquele agrupamento europeu, Alfonso Rueda intervinha, hoje, em Vigo, na jornada “Desafios atuais em infraestruturas transfronteiriças e desenvolvimento económico da Eurorregião Galiza – Norte de Portugal”, organizada pelo AECT e pela Confederação de Empresários da Galiza (CEG).
O presidente da Junta da Galiza destacou ainda que o que é “realmente importante é tentar assegurar uma ligação de alta velocidade entre A Corunha – Porto – Lisboa”.
“Esta que é uma velha reivindicação do Governo da Junta de Galiza e que se pode materializar, num futuro próximo, se conseguirmos o compromisso do Governo de Espanha e Portugal”, assinalou.
Alfonso Rueda congratulou-se com o facto “de o Governo português se pronunciar de uma forma clara em favor desta infraestrutura”, acrescentando “esperar e reclamar do Governo espanhol que faça o mesmo”.
Rueda lembrou que a “Comissão Mista Luso-Espanhola para a Cooperação Transfronteiriça, que reuniu no Porto, no dia 22 de setembro, incorporou nas suas conclusões para a próxima Cimeira Ibérica a necessidade de avançar com a obra o mais rápido possível, incluindo a saída sul de Vigo”.
Na nota, o AECT adiantou que o vice-presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte de Portugal (CCDR-Norte), Beraldino Pinto, afirmou que “a integração da Eurorregião Galiza – Norte de Portugal e a sua afirmação na fachada atlântica e no espaço europeu reclamam uma resposta renovada à ligação ferroviária de alta velocidade entre o Porto e Vigo, que é estruturante nessa resposta e reforça a coesão do território” e insere a eurorregião “nas modernas redes europeias”.
Na quarta-feira, o primeiro-ministro afirmou que o país tem “condições financeiras” para assumir o projeto da alta velocidade Lisboa – Porto – Vigo “com tranquilidade” e sem “sobressaltos que o ponham em causa”, sublinhando que reuniu uma “larguíssima maioria”.
O governante salientou que infraestruturas como esta “transcendem qualquer maioria”.
No mesmo dia, o Conselho de Administração da Infraestruturas de Portugal (IP), Carlos Fernandes, disse que a nova linha de alta velocidade Porto – Lisboa, que pretende ligar as duas principais cidades do país em apenas uma hora e 15 minutos no serviço direto, não terá paragens e será construída em três fases, estando a primeira, o troço entre Porto e Soure, prevista concluir até 2028.
Já o presidente da IP, Miguel Cruz, recordou que este projeto está incluído no investimento global de 43 mil milhões de euros a realizar até ao final da década na área dos transportes, sendo que 11 mil milhões de euros serão investidos na ferrovia.
Na conferência hoje realizada em Vigo, o diretor do AECT da Eurorregião Galiza – Norte de Portugal, Nuno Almeida, lembrou “a vontade expressa, de um lado e de outro da raia, de ver resolvidos os impedimentos na mobilidade de pessoas e de produtos numa zona da fronteira que se afirma como uma das mais dinâmicas no que respeita ao movimento de trabalhadores”.
“À semelhança da importância mútua que Espanha e Portugal têm nas respetivas balanças comerciais, também o Norte de Portugal e a Galiza são muito interdependentes. Precisamos de ter condições para que a economia funcione. E a presença nesta jornada das confederações empresariais galega e portuguesas mostra a força desta nossa exigência”, sublinhou Nuno Almeida.