Braga: Fomos à Noite Europeia dos Investigadores (e estavam lá mais de 300)

Cientistas minhotos mostraram as suas descobertas

Esta sexta-feira, a ciência tomou conta de várias cidades portuguesas, onde decorre a Noite Europeia dos Investigadores. A iniciativa envolve as universidades do Minho, Coimbra, Évora e Lisboa e ainda o Instituto Universitário de Lisboa, a Nova School of Science &Technology, o International Iberian Nanothecnology Laboratory.

Em Braga o local escolhido para montar o palco da ciência foi o Altice Forum. “Trata-se de aproximar a ciência do público em geral, quebrar a barreira que ainda existe entre o cidadão e a ciência”, esclarece Hernâni Gerós, vice-presidente da Escola de Ciências da Universidade do Minho. “Temos aqui muitos jovens de escolas secundárias e professores também e isso é ótimo.

São mais de 50 expositores, montados por mais de 300 investigadores, na maioria jovens doutorados, disponíveis para explicar as suas investigações ao público”, acrescenta.

Foto: Paulo Jorge Magalhães / O MINHO
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Confessando que está a “puxar a brasa à sua sardinha” – é investigador no Centro de Engenharia Biologica -, Hernâni Gerós aponta para os expositores que “mostram a ponte entre a biologia e biotecnologia”.

Numa das bancas é possível conhecer os seres extremófilos, organismos que vivem no fundo dos oceanos “a temperaturas elevadíssimas, a 100 graus centigrados, em ambientes gelados, nos polos, em sopas radioativas, onde se pensava que não era possível haver vida”.

Os apaixonados pela biologia podem conhecer e conversar com investigadores da Universidade do Minho que identificaram e isolaram alguns destes organismos.

Foto: Paulo Jorge Magalhães / O MINHO
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Foto: Paulo Jorge Magalhães / O MINHO
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Jovens alinhados com o tema da sustentabilidade

O tema da Noite Europeia dos Investigadores 2022 é a sustentabilidade, algo que diz muito a João Ferreira, um visitante de 12 anos, aluno do 8.º ano.

Apesar de andar no ensino articulado e pretender ser compositor, João está maravilhado com o que viu e completamente alinhado com o tema da sustentabilidade.

“Para quê comprar uma nova camisola se posso fazer com que esta dure mais tempo? Esta ideia de comprar, usar e deitar fora, está completamente ultrapassada. Quero fazer música e usá-la como uma forma de ativismo”, afirma. 

Foto: Paulo Jorge Magalhães / O MINHO
Foto: Paulo Jorge Magalhães / O MINHO
Foto: Paulo Jorge Magalhães / O MINHO

Diana Gonçalves, outra aluna do 8.º ano, ficou cativada pelas explicações sobre o armazenamento sustentável de energia para os telemóveis e para os carros do futuro. A acompanhá-la estão os colegas Rúben Passos e Anita Mendes, os dois com 13 anos. Ele ainda não sabe bem o que vai fazer no futuro, ela está indecisa entre a paixão pela matemática e uma descoberta mais recente, a química.

Foto: Paulo Jorge Magalhães / O MINHO
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Foto: Paulo Jorge Magalhães / O MINHO
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O professor de Biologia Pedro Soares afirma que, “nos últimos anos tem havido um interesse crescente pela Biologia, por causa da consciencialização ambiental”. Além disso, segundo este professor, “os jovens percebem que há muita natureza por explorar e que há potencial económico, além do interesse em manter a diversidade para as gerações futuras”.

Jogos, construções e experiências

Parte do interesse da iniciativa, para os mais novos, passa pela possibilidade de aprender fazendo. Como no Escape Room, em que um grupo de oito pessoas tem 45 minutos para sair de uma sala decifrando os enigmas que vão sendo propostos. Os temas dos enigmas andam em volta da história, aplicações e curiosidades sobre o número Pi, sistemas criptográficos e assinaturas digitais.

“Ver o aparentemente invisível”

Para os que têm horror a espaços fechados, o melhor é deixar para trás o departamento de matemática e aceitar o desafio Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas (LIP) para construir um detetor de partículas. A promessa é que vai conseguir “ver o aparentemente invisível”.

Foto: Paulo Jorge Magalhães / O MINHO
Foto: Paulo Jorge Magalhães / O MINHO
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Foto: Paulo Jorge Magalhães / O MINHO
Foto: Paulo Jorge Magalhães / O MINHO
Foto: Paulo Jorge Magalhães / O MINHO
Foto: Paulo Jorge Magalhães / O MINHO

Ali mesmo ao lado, está uma máquina com ar de micro-ondas em convulsão elétrica. Tiago Antão, físico teórico, explica que se trata de um equipamento que permite visualizar os muões, partículas subatómicas que se formam na atmosfera por reação com os raios cósmicos. Os muões servem para uma técnica de imagiologia (a muografia), com aplicações na geologia, arqueologia ou vulcanologia.

Ainda na área da física, mas neste caso aplicada à optometria, Sara Leite, aluna de mestrado, esta a montar equipamentos para ajudar as pessoas a perceberem o esforço visual que fazem no dia a dia. “O esforço que fazemos quando olhamos para o telemóvel é muito maior que o que fazemos quando olhamos ao longe”, esclarece. “Isso vai ter reflexos na nossa visão no futuro. Estima-se que, em 2050, 50% da população mundial seja míope”, alerta. Este problema está relacionado com o uso das tecnologias, mas também com o facto de passarmos cada vez menos tempo ao ar livre, explica esta aluna de optometria. 

Foto: Paulo Jorge Magalhães / O MINHO
Foto: Paulo Jorge Magalhães / O MINHO

Daniela Lopes, professora de optometria, realça que a solução para o problema da miopia já não passa só por tratar, “é preciso controlar a evolução”. A ortoqueratologia permite evitar que a miopia evolua de forma descontrolada recorrendo, nomeadamente, a lentes de contacto de uso noturno.

Polímeros naturais para substituir os plásticos

Ali em frente está a investigadora do Departamento de Química, Daniela Correia, mostrando um trabalho que permite criar sensores baseados em materiais sustentáveis – não tóxicos, solúveis em água, e de origem natural -, alinhados com os pressupostos da economia circular.

Foto: Paulo Jorge Magalhães / O MINHO
Foto: Paulo Jorge Magalhães / O MINHO

Trata-se de criar sensores, como os que são usados nos alarmes antirroubo nas grandes lojas, a partir de materiais como a seda, a celulose ou a quitina (proveniente das cascas dos crustáceos). “Estes materiais feitos com polímeros naturais, vêm substituir outros feitos com polímeros sintéticos que têm por base o petróleo”, explica a investigadora.

Ricardo Rio fala em “qualidade”

Para o presidente da Câmara, Ricardo Rio, Braga ser uma das quatro cidades que recebe esta iniciativa, “é uma prova da qualidade de uma das nossas instituições que é a Universidade do Minho e de todo o trabalho que tem vindo a desenvolver, na investigação e na componente formativa”.

Foto: Paulo Jorge Magalhães / O MINHO

Para o autarca, a cidade tem beneficiado da colaboração com a UMinho, “ao nível do desenvolvimento assente na inovação e na aplicação da investigação à gestão urbana”.

A Noite Europeia dos Investigadores, em Braga, prolonga-se até à meia-noite.

Além das quatro cidades em Portugal, o evento repete-se na grande maioria dos países da União Europeia, que também vão organizar atividades para levar a ciência ao cidadão.

 
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