A multinacional francesa WebHelp vai inaugurar o segundo escritório na cidade de Braga (quarto no país), na próxima segunda-feira, na zona de Cabanas, passando assim oficialmente a contar com 950 pessoas a trabalhar no Norte do país, 700 delas a partir dos dois escritórios de Braga e 250 de forma remota.
Cerca de metade destes trabalhadores são nativos de países como Alemanha, França, Suíça ou Canadá, e representam uma geração de lusodescendentes que regressam a Portugal para viver e trabalhar.
“Este é o segundo escritório em Braga, onde adicionamos 400 postos de trabalho a juntar aos 300 que já tínhamos no primeiro escritório em Braga, e temos muita gente a trabalhar a partir de casa, uns 250”, adiantou a O MINHO Carlos Moreira, CEO da WebHelp em Portugal.
Embora esteja em funcionamento desde setembro de 2021, o segundo escritório será agora inaugurado com presenças do presidente da Câmara de Braga e do diretor da multinacional para a região Norte de Portugal, antecipando assim a abertura do quinto escritório da marca, desta vez em Aveiro. Atualmente, a WebHelp possui dois escritórios em Braga e outros dois em Lisboa.
Os filhos e netos da diáspora minhota estão de regresso
Cerca de metade destes funcionários são netos e filhos de portugueses que emigraram para países como França, Suíça, Inglaterra ou Alemanha ao longo do último século, e regressam agora com os atributos de serem nativos na língua estrangeira e falarem também português. Maior parte é descendente de concelhos como Vila Verde, Amares, Fafe, Vieira do Minho e Póvoa de Lanhoso.
Carlos Moreira sublinha que o “negócio” da WebHelp em Braga (e em Portugal) é serviço de apoio ao cliente através de suporte técnico (ndr: formato call-center), com clientes exclusivamente estrangeiros, e a WebHelp tem suporte técnico em nove línguas diferentes a partir de Braga. Ou seja, recebem telefonemas a partir de países estrangeiros e, na língua desse país, devem ajudar o cliente a resolver o seu problema.
Se no Norte, fruto de várias vagas de emigração, os empregos são ocupados por filhos e netos de portugueses, curioso que os escritórios da WebHelp em Lisboa, contando também com mais de 50% de falantes nativos de línguas estrangeiras, não funcionam da mesma forma.
Em Lisboa, os estrangeiros são mesmo estrangeiros
Carlos Moreira salienta que em Lisboa, os funcionários nativos de língua estrangeira não têm qualquer tipo de relação a Portugal: “São imigrantes que vieram trabalhar”.
O CEO da WebHelp realça ainda que outras empresas multinacionais do género, concorrentes da francesa, que também estão sediadas em Braga, fazem-se valer deste perfil de colaborador – nativo na língua em que irá dar apoio, mas também português.
Por isso, considera que a diáspora portuguesa acaba por ser “uma vantagem” para o país, “precisamente por causa do francês e do alemão”, graças a “segunda e terceira gerações” de emigrantes. “Os nossos colaboradores nasceram naqueles países, andaram lá na escola, e quando regressem têm essa vantagem. Acho que é fantástico para todos”, conclui.
Carreira a longo prazo no país de origem – Benoist Voidie
Em declarações a O MINHO, também Benoist Voidie, diretor da WebHelp para o Norte, lembra que a empresa trabalha muito com mercados e clientes que falam francês e alemão, “de forma que faz todo o sentido contratar pessoas com um nível nativo deste idioma”.
“Isso é algo que efetivamente conseguimos com a contratação de pessoas que regressam a Portugal de países para onde tradicionalmente as famílias portuguesas emigraram, como França ou Suíça. Sentimos que é positivo proporcionarmos esta oportunidade, considerando que o objetivo para todos os colaboradores é o crescimento e a promoção interna dentro da empresa, com uma perspetiva de carreira a longo prazo dentro do seu país de origem, caso seja o que pretendam”, elencou Benoist Voidie.
No geral, ambos responsáveis consideram que, não só a WebHelp mas todas as empresas de suporte técnico internacional contribuem “para a dinâmica económica e de empregabilidade em regiões como Braga”.
E porquê Braga?
Prestes a abrir o quinto escritório no país (Aveiro), a WebHelp escolheu Braga como centro do Norte, em detrimento da área metropolitana do Porto. A isso deve-se um estudo realizado em parceria com o Instituto de Emprego e Formação Profissional para perceber em que zonas do país mais se falavam línguas estrangeiras, com particular ênfase no francês.
Mas também porque “centros urbanos como Braga têm o seu próprio dinamismo e potencial, assim como várias vantagens ao nível da qualidade de vida que são atrativas para os colaboradores que contratamos”, explicou o diretor Benoist Voidie.
Já Carlos Moreira lembra que “curiosamente, as cidades melhores eram Braga e Aveiro, por isso é que decidimos, em 2018, abrir o escritório de Braga, depois de termos aberto em Lisboa, em 2015”, evidencia, destacando que, em sete anos, o grupo conseguirá ter cinco escritórios no país, empregando perto de 2.500 pessoas, afirmando a WebHelp como “um dos grandes patrocinadores nas áreas que ajudam Portugal a crescer”.
Benoist Voidie, por sua vez, acrescenta outras vantagens de Braga, sobretudo ao nível da contratação, “pois existem pessoas muito qualificadas ao nível de idiomas e outras valências, que preferem trabalhar fora das grandes metrópoles e que conseguimos contratar com menos concorrência”.
Voidie enuncia que a WebHelp foi “extremamente bem recebida em Braga pelo poder local” e que “no geral”, e apesar de terem a sede em Lisboa, acreditam “na descentralização para cidades como Braga ou Aveiro, sobretudo numa fase em que se estão a sentir cada vez mais as mudanças de paradigma no mundo e nas metodologias do trabalho”.
Um dos melhores sítios para trabalhar em Portugal
A WebHelp foi distinguida recentemente como uma das melhores empresas para trabalhar, apostando também no lazer do colaborador. “Esse reconhecimento mostra que há uma cultura de trabalho, mas também com diversão, porque é impossível trabalhar num sítio a longo prazo se não nos estivermos a divertir”, salienta Carlos Moreira, lembrando, por exemplo, uma recente festa na praia em Esposende, onde “as pessoas também foram reconhecidas pelo seu trabalho”.
Apostar na atual equipa e aumentar para 3.000 colaboradores em 2023
Benoist Voidie, abordando o futuro, aponta a “grande aposta no crescimento da equipa e das infraestruturas”, com uma meta de chegar aos 2.500 colaboradores até final do ano.
“No entanto pretendemos sobretudo solidificar a equipa atual e garantir que as pessoas contratadas mais recentemente se sintam totalmente integradas. Apostamos muito na promoção interna, por vezes com taxas de 90%, de forma que o objetivo é o crescimento destes colaboradores. Para 2023, o nosso objetivo é aumentar a equipa para 3.000 em Portugal, em linha com a captação de novos clientes”, concluiu.
Fundada em 2000 por Frédéric Jousset e Olivier Duha, a WebHelp começou por ser uma empresa de apoio técnico informático em tempo real, expandindo depois para formato ‘call-center’. Os passos seguintes foram dados em 2011, com uma operação em Londres, e em 2016, com a compra de uma empresa de apoio ao cliente líder na região escandinava.
Presente em mais de 50 países, a WebHelp emprega atualmente 120 mil pessoas em todo o mundo, 2.400 em Portugal.