Encontro ‘imediato’ com coruja-do-nabal vale prémio a fotógrafo de Melgaço

Biodiversidade
Coruja-do-nabal (Asio flammeus). Foto: Norberto Esteves

Quando Norberto Esteves, natural de Castro Laboreiro, Melgaço, andava a caminhar pelo Ludo (sistema lagunar) da Ria Formosa, no Algarve, não imaginou que fosse encontrar uma ave diferente das que habitualmente preenchem aquele habitat rico para os animais voadores.

O engenheiro de telecomunicações, de 46 anos, caminhava junto a uma zona de salinas, já perto do pôr do sol, quando viu “uma ave diferente” a esvoaçar num descampado que se abre por entre os arbustos e ervas altas.

“Percebi logo que era uma coruja-do-nabal (Asio flammeus), que chegam em novembro e vão-se embora em março. Fiquei logo interessado e tive uma sorte, porque era a primeira vez que a estava a ver, e foi também quando lhe tirei as melhores fotografias”, conta Norberto, que desenvolveu o hábito de fotografar na natureza, sobretudo aves, por ser a categoria de animais mais presente naquela zona do sul do país, onde reside desde os 18 anos.

Coruja-do-nabal (Asio flammeus). Foto: Norberto Esteves

“Ela andava de um lado para o outro e ignorava-me, passava ao meu lado e nem queria saber, por isso fiz uma série de fotos. Depois, na semana seguinte, já com outros amigos da fotografia, fomos lá e continuamos, mas acho que as melhores fotos foram mesmo as que tirei logo na primeira vez que a vi”, conta.

E uma dessas fotos recebeu o segundo prémio do regressado concurso Insitu (Festival de Imagem de Natureza de Vouzela), na categoria de aves, destacando assim o trabalho do melgacense, que tem captado outros momentos bastante interessantes da biodiversidade algarvia e minhota.

Coruja-do-nabal (Asio flammeus). Foto: Norberto Esteves

A O MINHO, Norberto Esteves conta que nasceu em Castro Laboreiro e completou todo o ensino básico e secundário em Melgaço, quando decidiu entrar para engenharia eletrotécnica na faculdade. Escolheu, então, o Algarve para frequentar o ‘superior’, e acabou por lá ficar, primeiro como trabalhador de uma empresa, depois como sócio da mesma.

Raposa (Vulpes vulpes), em Melgaço. Foto: Norberto Esteves
Raposa (Vulpes vulpes), em Melgaço. Foto: Norberto Esteves

Apesar de estar na outra ponta do país, nunca esqueceu o gosto de caminhar por entre a natureza, algo que recorda dos tempos de criança e adolescente no concelho mais a Norte de Portugal. Foi por isso que começou a caminhar na Ria Formosa, que se divide entre vários concelhos algarvios, mas também para fazer exercício. Uma coisa levou a outra e decidiu comprar uma máquina fotográfica para registar as aves que ia encontrando nas caminhadas. Partilhou os momentos nas redes sociais e os elogios surgiam em catadupa. Começou a investir em melhor material fotográfico e, hoje em dia, já é uma figura consolidada por entre os amantes de fotografia da biodiversidade, a nível nacional.

Norberto Esteves. Foto: António Caiado

Em 2020, ganhou um concurso de fotografia em Vila Real (FIN), com o registo de uma garça na Ria Formosa. “Este ano decidi participar novamente e comecei a inscrever-me em concursos nacionais e internacionais. Tive sorte porque consegui ganhar prémio no de Vouzela”, disse, considerando ter sido importante “por dar a conhecer uma ave que poucos viram”.

Andorinha-do-mar-anã (Sternula albifrons) na Ria Formosa. Foto: Norberto Esteves

“É importante sensibilizar, é importante que as pessoas saibam que a coruja-do-nabal existe, que é pouco comum e que a devemos proteger, ou seja, não lhes destruir o habitat nem interferir na vida delas”, aconselhou.

Cabra Montesa (Capra pyrenaica) no Gerês (2018). Foto: Norberto Esteves

Norberto também regista a biodiversidade do Minho, com maior incidência na zona da Peneda-Gerês e de Castro Laboreiro, onde se dedica a fotografar mamíferos, por entre cabras montesas, veados, corças, raposas e até o lobo. Isso acontece quando vem visitar os pais, que ainda residem na vila minhota.

 
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