Polémica em Vieira do Minho após Câmara vedar acesso a praça central

Autarquia colocou cadeados nos pilares impedindo cargas e descargas

A Câmara de Vieira do Minho dediciu fechar com cadeados os pilares metálicos que vedam o acesso a uma praça do centro da vila, impedindo, assim, os comerciantes de fazer as cargas e descargas como até aqui o faziam habitualmente. O PS acusa o presidente da autarquia, o social-democrata António Cardoso, de tomar uma decisão “unilateral e insensata” que prejudica os comerciantes e põe em causa a segurança de moradores, por impedir a passagem de viaturas de socorro. A Câmara responde que tomou a medida após “sucessivas e constantes reclamações relativas ao uso indevido daquele espaço”.

Elizabeth da Nova, proprietária do Café Cabreira/ Pastelaria Da Nova, localizada na Praça Dr. Guilherme de Abreu, expressou o seu descontentamento no Facebook pelo facto de a Câmara ter colocado cadeados nos pilares, impedindo assim que possa fazer cargas e descargas no seu estabelecimento.

A empresária conta que tentou explicar ao presidente da Câmara que “cada estabelecimento tem necessidades diferentes e modos de trabalhar diferentes” e, no seu caso, começam “a carregar às 05:30, fazendo-o oito a dez vezes por dia”. “A resposta foi simples: façam-no a pé, são mais 15 ou 20 metros, até porque outro estabelecimento da Praça prescinde do dito meco aberto”, alega.

Elizabeth da Nova argumenta “que não era funcional ter de abrir e fechar o meco de cada vez que tivesse necessidade de carregar ou descarregar, mas a prepotência, arrogância e cegueira era tanta nenhuma justificação era era compreendida”.

A empresária também questiona a dualidade de critérios, dado que “os funcionários municipais (com todo e máximo respeito que tenho por todos eles) também não fazerem o mesmo com o ‘meco’ que dá acesso ao coreto, visto esse sim estar sempre aberto”. E acrescenta: “Foi-me respondido que esses é para trabalhar. Pasmei. Nós é para passar tempo e não morrer ao frio”.

PS critica decisão “unilateral e insensata”

O PS criticou a “decisão unilateral e insensata” do presidente da Câmara, que “bloqueou o acesso à Praça Guilherme de Abreu, fechando a cadeado os pilares metálicos, impedindo o acesso de viaturas dos comerciantes para cargas e descargas, como vinha acontecendo”. E reforça: “Está também posta em causa a segurança dos moradores tornando mais difícil o acesso a uma ambulância ou a um carro de bombeiros”.

“O PS de Vieira do Minho vem repudiar a forma autocrática como a decisão foi tomada, pois qualquer alteração ao habitual uso daquele espaço deveria ser decidida pelo órgão executivo e não feita apenas pela decisão do atual presidente da Câmara”, refere o comunicado.

O partido defende que “o uso dos espaços públicos deve ter em atenção os interesses dos moradores e dos comerciantes para que os seus direitos sejam salvaguardados”. No caso, “para uma empresa é fundamental que as cargas e descargas estejam asseguradas e privilegiadas”.

“As empresas vieirenses são o motor da economia local e a Câmara deve fazer tudo o que está ao seu alcance para criar condições que beneficiem as mesmas e não o contrário. O PS apela a que seja encontrada uma solução que tenha em conta os interesses de todos”, concluem os socialistas.

“Foram entregues chaves dos pilares”

Entretanto, também em comunicado, a Câmara afirma que, “no verão de 2021, aquando da conclusão da obra de requalificação da Praça Dr. Guilherme de Abreu, foram entregues chaves dos pilares que vedavam o acesso à zona das esplanadas e do coreto aos dois únicos proprietários dos estabelecimentos comerciais, para que estes pudessem efetuar exclusivamente cargas e descargas de mercadoria”.

“Após sucessivas e constantes reclamações relativas ao uso indevido daquele espaço (circulação e estacionamento de qualquer viatura) por parte dos utilizadores da Praça, a Câmara Municipal alertou os proprietários para a utilização responsável da chave que permitia destrancar os pilares metálicos”, acrescenta o comunicado.

A Câmara afirma que “a proprietária da Pastelaria da Nova, depois de mais uma vez ter sido alertada, referiu que não se responsabilizava pela correta utilização da chave do pilar que regulava o livre acesso à Praça Dr. Guilherme de Abreu”.

“Perante esta posição, e uma vez que os abusos no estacionamento e circulação continuavam, a Câmara Municipal decidiu bloquear o acesso a este espaço definitivamente”, justifica a autarquia, lamentando que “o comunicado do Partido Socialista sirva apenas para defender o interesse de uma das suas militantes/simpatizantes, esquecendo que a fruição daquele espaço público é de todos e não apenas de alguns”.

A Câmara garante, ainda, que “de forma alguma está em causa a segurança de bens ou pessoas e muito menos dos moradores, até porque os veículos de emergência têm livre acesso não só àquele espaço, como a toda a Praça Dr. Guilherme de Abreu”.

“Este Executivo que muito se tem empenhado em transmitir uma boa imagem da nossa Vila, com a requalificação das praças e o melhoramento dos jardins, que são o espelho de todos os Vieirenses, não pode aceitar o capricho de uma comerciante, que deveria ser a primeira a perceber que o acesso restrito àquele espaço é do seu interesse comercial”, conclui.

 
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