João Pedro Coelho, de 22 anos, venceu recentemente um dos mais importantes concursos gastronómicos na Suíça, isto depois de, aos 17, ter sido considerado o mais promissor jovem chef português.
Natural de Fornelos, em Ponte de Lima, lançou-se à aventura para trabalhar no Le Restaurant de l’Hôtel de Ville de Crissier, na Suíça, a poucos quilómetros de Lausana e da fronteira francesa – um restaurante com três estrelas Michelin considerado pelo guia como o segundo melhor do mundo, depois de ter liderado esse estatuto em 2016.
A O MINHO, João Pedro revela que a vitória recente no concurso Grand Prix Joseph Favre, onde, em conjunto com um camarada da cozinha, apresentou três pratos (peixe do lago Leman, borrego com abóbora e pêra com aguardente), é muito importante para o ainda curto (mas já muito premiado) currículo.
Há cerca de dois anos na Suíça, depois de ter passado por um estágio num restaurante com estrela Michelin na Hungria (Budapeste), João Pedro conta que iniciou-se na lida na Escola Profissional de Ponte de Lima.
Logo no primeiro ano de curso, participou num concurso de cozinha, com três outros colegas, e terminou em segundo lugar a nível nacional. Em 2018 venceu o prémio de jovens talentos da gastronomia em Portugal, antes de rumar à Hungria para, no seu terceiro ano de curso, realizar o estágio profissional.
Antes da ida para a Suíça, ainda passou pela cozinha do Vidago Palace Hotel, em Chaves, durante cerca de ano e meio, mas a vontade em partir à aventura e desenvolver as competências profissionais levou-o até àquela que é hoje a sua casa, e onde já chefia um departamento de cozinha.
“Eu é que vim à procura, porque este é o meu estilo de cozinha, e é o restaurante que se identifica mais comigo”, explica a O MINHO, revelando ter começado “do zero” e que, neste momento, para além de cozinheiro, é “chefe de partida”.
“Dentro da cozinha há cinco pessoas com responsabilidade para gerir cada posto, porque existem os postos das entradas, dos peixes, da carne, das guarnições, e dentro de cada um desses postos há uma pessoa responsável, e eu sou uma delas”, salientou.
Sobre o interesse na gastronomia, João Pedro Coelho revela sempre ter tido interesse: “Não sei porquê, mas sempre me despertou curiosidade e é algo que realmente gosto de fazer”.
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E não deixa de lado o facto de ser minhoto poder ter ajudado a seguir esta carreira. “É claro que em Ponte de Lima somos habituados a comer super bem e temos algum poder na gastronomia nacional e isso até pode ter incentivado o meu percurso”, embora seja um estilo “diferente”.
“Aqui é um estilo totalmente diferente, é uma cozinha francesa, onde também utilizamos produtos da região, que são produzidos à nossa volta, ou seja, produtos frescos e locais, mas o tipo de culinária é muito diferente da minhota”, considerou.
Sobre o concurso, onde esteve durante seis horas a cozinhar, realça ser “muito importante para o currículo. “Todos os prémios são importantes quando ganhamos, e aqui são muito bem vistos. Este em particular é muito importante para os cozinheiros, pois passamos a ser vistos de outra forma e elevam o nosso nome na gastronomia mundial”, disse.
Sem data marcada para regressar a Portugal, tem a companhia da namorada, que também trabalha no mesmo restaurante. Já a família ficou em Ponte de Lima, algo que nem sempre é fácil de lidar, mas que João Pedro sabe ser necessário para chegar onde pretende. E deixa esse mesmo conselho aos jovens que atualmente estudam nos muitos cursos de gastronomia e hotelaria do nosso país.
“Devem ter força de vontade, querer, porque apesar de em Portugal onde ainda não existirem restaurantes com três estrelas Michelin, acho que quem tiver vontade chegar a estes patamares, deve sair, e é basicamente isso: vontade e ter a coragem de sair do conforto e ir à procura dos objetivos”, concluiu.