É oficial. Rui Costa assume presidência do Benfica

O vice-presidente Rui Costa assumiu a presidência do Benfica, depois de o presidente Luís Filipe Vieira ter suspendido o mandato, por estar a ser investigado no processo ‘cartão vermelho’, informou hoje o clube lisboeta.

“O Sport Lisboa e Benfica informa que, nos termos que se encontram estatutariamente previstos e em virtude da comunicação realizada hoje pelo presidente da direção, Luís Filipe Vieira, o vice-presidente Rui Manuel César Costa, assume, com efeitos imediatos, a presidência do Sport Lisboa e Benfica, nos termos da alínea a do número 3 do artigo 61 dos estatutos do clube”, lê-se no comunicado dos ‘encarnados’.

No mesmo documento, publicado no sítio oficial do clube na Internet, o Benfica assegura que “esta nomeação tem o apoio unânime dos membros da Direção do Sport Lisboa e Benfica”.

Rui Costa vai assim liderar o emblema no qual cumpriu toda a formação de jogador, entre 1981 e 1990, e no qual se começou a evidenciar como sénior, entre 1991 e 1993, depois de um empréstimo ao então primodivisionário Fafe, na época 1990/91.

O ano de 1991 ficou gravado na sua carreira, já que coube ao então médio ofensivo de 19 anos marcar o penálti que deu a Portugal o segundo título mundial de sub-20, na final contra o Brasil (vitória por 4-2 no desempate por penáltis, após 0-0 nos 120 minutos), disputada perante 120 mil espetadores no antigo Estádio da Luz, a 30 de junho.

Após três temporadas em que venceu uma Taça de Portugal (1992/93) e um campeonato (1993/94) pelo Benfica, Rui Costa transferiu-se para a Fiorentina por cerca de três milhões de dólares – 2,5 milhões de euros sem contar com a inflação.

Juntamente com atletas como o guarda-redes Francesco Toldo e o avançado Gabriel Batistuta, o médio tornou-se uma referência do clube ‘viola’, tendo realizado 277 jogos oficiais e vencido duas Taças de Itália (1995/96 e 2000/01) e uma Supertaça (1996), em sete épocas.

Conhecido como ‘maestro’, Rui Costa jogou depois cinco temporadas pelo AC Milan, tendo-se sagrado vencedor da Taça de Itália e da Liga dos Campeões (2002/03), antes de vencer o campeonato (2003/04) e a Supertaça (2004).

O jogador regressou ao clube onde ‘nasceu’ para o futebol em 2006, tendo realizado 67 jogos pelos ‘encarnados’ nas duas últimas temporadas da carreira, marcadas por algumas lesões.

A par do trajeto realizado na I Liga portuguesa e na ‘série A’ italana, Rui Costa marcou 26 golos em 94 jogos pela seleção portuguesa, tendo disputado a final do Euro2004, que a equipa então treinada por Luiz Felipe Scolari perdeu para a Grécia (1-0), no Estádio da Luz.

Mal terminou a carreira de futebolista, em maio de 2008, Rui Costa tornou-se diretor desportivo do clube e mais tarde assumiu as funções de administrador da SAD liderada por Luís Filipe Vieira, tendo-se mantido nesse cargo até agora.

Após as últimas eleições do clube, realizadas em 29 de outubro de 2020, que Luís Filipe Vieira venceu com 62,6% dos votos, contra os 34,7% do segundo candidato mais votado, João Noronha Lopes, o ex-jogador foi pela primeira vez eleito para os órgãos sociais e tornou-se vice-presidente das ‘águias’.

O empresário Luís Filipe Vieira comunicou hoje a suspensão, “com efeitos imediatos”, do exercício de funções como presidente do Benfica, em consequência de detenção no âmbito da operação ‘cartão vermelho’.

“O Benfica está primeiro, perante os eventos dos últimos dias, no âmbito da operação ‘cartão vermelho’, em que sou diretamente visado, e enquanto o inquérito em curso puder constituir um fator de perturbação, suspendo, com efeitos imediatos, o exercício das minhas funções como presidente do Sport Lisboa e Benfica, bem como de todas as participadas do clube”, comunicou o advogado de Luís Filipe Vieira, à porta do Tribunal Central de Instrução Criminal.

O empresário e presidente do Benfica Luís Filipe Vieira, de 72 anos, foi um dos quatro detidos na quarta-feira numa investigação que envolve negócios e financiamentos superiores a 100 milhões de euros, com prejuízos para o Estado e algumas sociedades.

Segundo o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) estão em causa factos suscetíveis de configurar “crimes de abuso de confiança, burla qualificada, falsificação, fraude fiscal e branqueamento de capitais”.

Para esta investigação foram cumpridos 44 mandados de busca a sociedades, residências, escritórios de advogados e uma instituição bancária em Lisboa, Torres Vedras e Braga. Um dos locais onde decorreram buscas foi a SAD do Benfica que, em comunicado, adiantou que não foi constituída arguida.

No mesmo processo foram também detidos Tiago Vieira, filho do presidente do Benfica, o agente de futebol Bruno Macedo e o empresário José António dos Santos, conhecido como “o rei dos frangos”.

 
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