No ano em que se torna septuagenária, a emblemática retrosaria “Casa Carlos” vai abandonar o n.º 92 da Rua de Santo António, no centro de Guimarães, face a um pedido de aumento de 50% no arrendamento mensal. Este domingo, foi atendido o último cliente na emblemática loja de esquina que serviu várias gerações de vimaranenses.
A vender essencialmente material de retrosaria para pequenas costureiras e para uso doméstico, os sócios-gerentes não vislumbraram possibilidade de conseguir rendimentos para suportar este aumento, encontrando assim outra solução, que passa por uma outra rua da cidade.
Rogério Vara, um dos proprietários, conta a O MINHO que a renda iria aumentar dos atuais 1.000 euros para 1.500 euros mensais, algo que seria “insuportável” para a gerência, que muda agora as ‘bagagens’ para a Rua de Gil Vicente, ao lado do Centro Comercial Palmeiras.
“O senhorio quer rentabilizar a loja, e na altura falámos com ele, tendo em conta a pandemia, mas o máximo que ele conseguiu fazer foi propor o incremento de 50%, porque inicialmente o pedido de aumento era maior”, explica o também professor em Santo Tirso, natural de Bragança e residente em Vizela.
Rogério lamenta a “especulação imobiliária” que a cidade tem vindo a viver, sobretudo pelos pequenos comerciantes que não vão conseguir manter os negócios face ao aumento das rendas. “Eu até costumo dizer que na Rua Santo António anda tudo doido por causa disso”, brinca.
Conta que estaria à espera de uma ajuda por parte da Câmara, através do programa “Lojas com História”, mas tal não sucedeu. “Na verdade, nem nos responderam aos emails, mas da parte da Associação Comercial, disseram-nos que o programa ainda não estaria ativo”.
Agora noutro espaço, Rogério garante a “mesma dedicação” a todos os clientes da retrosaria, apelando para que lá façam uma visita nos próximos tempos.
