Acionista da Águas de Barcelos comprada por fundo de capital de risco. BE questiona governo

Política
Acionista da águas de barcelos comprada por fundo de capital de risco. Be questiona governo

O Bloco de Esquerda questionou o Governo sobre a Águas de Barcelos, cuja acionista maioritária, a Somague Ambiente, foi vendida a uma empresa associada a um fundo de capital de risco.

A Somague Ambiente foi comprada pela Plainwater, detida a 100% pela Azuladicional, a qual, segundo a Autoridade da Concorrência, é “constituída por um conjunto de sócios que, direta ou indiretamente, participam no capital e/ou nos órgãos de administração da ECS Capital”. Por sua vez, a ECS Capital é uma sociedade gestora de fundos de capital de risco.

Na questão enviada ao Ministro do Ambiente, o Bloco de Esquerda critica que, “até ao momento, nada foi revelado pelo executivo camarário”, o qual está a ultimar a compra de 49% da Águas de Barcelos por cerca de 60 milhões de euros.

Segundo o jornal Barcelos Popular, o assunto foi levantado em reunião de câmara pelo vereador do movimento independente Barcelos, Terra de Futuro, Domingos Pereira, que manifestou surpresa por a Câmara desconhecer a mudança no capital da concessionária de água e saneamento do concelho.

O presidente da Câmara, Miguel Costa Gomes, de acordo com aquele semanário, afirmou que só teve conhecimento da situação, informalmente, em março e que já agendou reunião com os acionistas.

Ao Jornal de Barcelos, o administrador da Águas de Barcelos, Luís Vasconcellos, garante que este negócio não altera a operação de entrada da Câmara no capital da empresa.

Os bloquistas perguntam ao Governo “que conhecimento tem sobre a nova composição acionista da Somague Ambiente e as possíveis implicações no processo negocial em curso” [para aquisição de 49% do capital por parte da autarquia].

Os deputados José Maria Cardoso, Alexandra Vieira, Maria Manuel Rola e Nelson Peralta querem também saber a avaliação que o Governo faz da “concessão dos serviços de abastecimento de água e saneamento do Município de Barcelos”.

O Bloco de Esquerda considera que, “para além de toda a opacidade dos acordos e negociações, esta concessão comprovou há muito que o modelo de privatização dos serviços de água e saneamento de Barcelos trouxe consequências danosas a todos os utentes, aos munícipes, às finanças públicas locais e, por inerência, nacionais”.

O partido apresentou também um requerimento à Câmara de Barcelos, tendo como primeiro subscritor o deputado barcelense José Maria Cardoso, uma vez que, é sublinhado em comunicado, o “dramático enredo ainda não terminou” e o “único interlocutor do negócio continua a ser o sr. Presidente da Câmara, que, até ao momento, não se dignou responder às questões enviadas pela Coordenadora Concelhia do BE no dia 19 de maio”.

O serviço de água e saneamento foi concessionado em 2005, por um período de 30 anos, pelo então presidente da Câmara, o social-democrata Fernando Reis. O negócio esteve sempre envolto em polémica. Já com o PS no poder, a Águas de Barcelos exigiu à autarquia o “reequilíbrio financeiro” da empresa, processo que, muitos episódios jurídicos depois, acabou na condenação da Câmara a pagar uma indemnização de 172 milhões de euros.

O presidente da Câmara, Miguel Costa Gomes, chegou, então, a acordo extra-judicial para a aquisição, por parte da autarquia, de 49% do capital, solução que está agora dependente do visto do Tribunal de Contas.

 
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