Aumenta o receio de que o descontrole do surto que acontece em Itália possa ser idêntico em Portugal, motivando a criação de uma corrente nas redes sociais interligada com a hashtag “FicaEmCasa”.
O movimento parece ter surgido de forma espontânea depois de se terem verificadas ações idênticas em Itália e em Espanha, face ao aumento do número de casos e, sobretudo, de mortes pelo novo coronavírus.
Depois de o Governo anunciar várias medidas extraordinárias e se preparar para declarar o Estado de Alerta no país, são várias as mensagens nas redes sociais que apelam à consciência cívica dos cidadãos, pedindo para que estes “fiquem em casa”, da mesma forma como surgiram em Itália e, desde há poucos dias, em Espanha, que já sofre com o vírus na capital Madrid.
Já várias empresas privadas, de forma altruísta, encerraram lojas abertas ao público de forma a mitigar a disseminação do Covid-19, o novo coronavírus que se prepara para ter um dos mais fortes impactos de sempre na economia global, segundo apontam especialistas.
Depois de vários apelos lançados ao longo da última quarta-feira, os efeitos parecem ter-se sentido já durante esta quinta-feira, com alguns centros comerciais, como o Braga Parque, o maior do Minho, a ficar praticamente vazio ao longo de toda a tarde e noite.
As maiores discotecas de Braga, em consciência cívica, decidiram voluntariamente encerrar os estabelecimentos, antes da medida ter sido decretada obrigatória por Conselho de Ministros, já durante esta madrugada.
Em Ponte de Lima, há registo de unidades de alojamento local e clínicas dentárias a encerrar preventivamente, de forma a ajudar ao plano nacional de contingência desta que é já uma pandemia global.
Nas grandes empresas de telecomunicações, foi feito um acordo de cavalheiros entre a administração, com NOS, Meo e Vodafone a oferecerem 10 gigabytes gratuitos a clientes. Tudo para incentivar ao trabalho a partir de casa e, claro, para que as pessoas fiquem em casa.
O Governo vai decretar, esta sexta-feira, estado de alerta em todo o país. Todos os trabalhadores do Serviço Nacional de Saúde (SNS), meios de proteção civil e forças de segurança ficam em prontidão. A decisão foi avançada em comunicado publicado na página do Governo, após reunião de conselho de ministros, que terminou durante esta madrugada.
Para trabalhadores do SNS fica suspenso o limite de trabalho extraordinário, sendo também simplificada a sua contratação. É obrigatória a mobilidade e os médicos aposentados podem ser contratados, sem limite de idade.
Para as famílias, fica com faltas justificadas no trabalho quem ficar em casa a acompanhar filhos até 12 anos. Os trabalhadores por conta de outrem recebem 66% da remuneração base, 33% assegurado pelo empregador e o restante pela Segurança Social. Em relação aos trabalhadores independentes, recebem no valor de 1/3 da remuneração média.
O Conselho de Ministros tomou ainda “diversas medidas de organização e funcionamento dos serviços públicos e outro tipo de estabelecimentos”.