Movimentos anti-lítio de Viana também protestaram na baixa de Lisboa

Foto: Vasco Morais

Cerca de quatro centenas de manifestantes de diferentes movimentos independentes de defesa do ambiente e de proteção do património rural protestaram este sábado em Lisboa, contra a concessão e exploração a céu aberto do lítio em Portugal.

Entre os manifestantes, estavam perto de uma centena de pessoas vindas de vários locais do Minho, como Viana do Castelo, Barcelos, Vizela ou Caminha.

Foto: Vasco Morais
Foto: Vasco Morais

O MINHO falou com Vasco Morais, responsável pelo movimento Amonde – Lítio Não, de Viana do Castelo, que fez um balanço positivo da participação do Minho neste protesto levado a cabo na capital, que contou ainda com o movimento SOS Serra d’Arga (Viana) e SOS Cávado (Braga)

Vasco conta que, só de Viana do Castelo, deslocaram-se a Lisboa cerca de 70 pessoas, tendo sido um autocarro alugado para o efeito. Apontou ainda representantes do concelho de Vizela, Barcelos ou Ponte de Lima. O responsável vinca a importância desta manifestação para que não se faça “tudo pela calada”.

“Gostei de ver tanta gente unida por esta causa, porque é necessário alertar a população para as intenções do Governo, e se as pessoas não fazem nada, o Governo faz o que quer e, pior, fazem tudo pela calada”, salientou.

Foto: Vasco Morais
Foto: Vasco Morais

Vasco Morais explica que na freguesia de Amonde, em Viana do Castelo, já existiu em tempos uma mina de estanho, e que a população local não vê com bons olhos a reabertura de uma mina nas proximidades.

“As pessoas têm assistido a várias palestras e contactos pelas redes sociais e estão a ficar sensibilizadas com o nosso protesto”, alerta.

Mais de 500 pessoas de todo o país em Lisboa

“Levámos esta questão à Assembleia da República pela voz do deputado José Luís Ferreira, para questionar o ministro [do Ambiente], para saber como é que se assina um contrato sem um estudo de impacte ambiental”, disse à agência Lusa Mariana Silva, candidata do partido Os Verdes pelo Círculo de Lisboa às eleições legislativas de 06 de outubro próximo.

E prosseguiu: “O que está em questão é este tipo de exploração mineira, que nós sabemos que vai ter consequências não só para as populações como para os solos, e como é que se assina um contrato antes de se fazer um estudo de impacte ambiental para avaliar se é ou não possível fazer esta exploração e se é ou não válido para aquelas populações em termos ambientais a exploração em Morgade [concelho de Montalegre]”.

Foto: Vasco Morais
Foto: Vasco Morais
Foto: Vasco Morais

Os manifestantes, que se juntaram hoje à tarde na Praça do Rossio, na baixa de Lisboa, subiram o Chiado até ao Largo Camões, onde se concentraram numa ação de protesto gritavam “Não à Mina, Sim à Vida!” e “Governo escuta: Sim à água, não ao lítio!”, e empunhavam cartazes em que se lia “Travar o ataque contra a biodiversidade!, “Não à desertificação!”, “ Não ao lítio!”, “Cancro!”.

O rufar de tambores e os gritos ecoaram entre o olhar dos turistas que iam passando pelos manifestantes.

Mariana Silva disse ainda à Lusa que se tratam de “terrenos classificados”, lembrando que, por isso, “há outros projetos e investimentos que podem ser feitos naquela zona”.

Além disso, alertou que a exploração do lítio “irá trazer graves problemas para os solos, para os lençóis de águas e até para as populações que podem desaparecer com a exploração deste minério”.

Foto: Vasco Morais

“’Os Verdes’ não são totalmente contra a exploração de minério. Temos que ver caso a caso. Até porque se nós temos recursos no nosso país eles devem ser explorados com peso e medida e não em nome do lucro de alguns”, sublinhou, adiantando que “se estes terrenos são públicos não podem ser explorados por privados”.

Para Mariana Silva, os recursos naturais “são de todos” e, no caso de Morgade, devido a um processo que “não foi bem esclarecido”, daí “prestar toda solidariedade” às populações e a trabalhar no parlamento para que o Governo “não continue” a fazer este tipo de contratos de exploração.

Já Maria do Carmo Mendes, representante da aldeia de Bargo, na Serra da Argemela, e uma das organizadoras do protesto, disse aos jornalistas que quer que o Governo “os oiça” e olhe para eles.

Foto: Vasco Morais

E avançou: “Até hoje estamos à espera de resposta [por parte do Governo]”.

Depois de ter sido aprovada uma recomendação em plenário da Assembleia da República a pedir ao Governo que “não concedesse a exploração na Serra da Argemela”, alertou a ativista, continuam sem resposta.

Disse também que, consoante a resposta do Governo, vão voltar à rua depois das eleições e “fazer o que for preciso”~, e alertou para “uma certa permeabilidade entre o sistema político e o mundo empresarial” no caso do lítio.

A ativista referiu ainda que vai ser criada uma plataforma conjunta entre todos os movimentos independentes por esta causa depois das eleições legislativas de 06 de outubro.

*Com Lusa

Notícia atualizada às 00h04

 
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