Um sacrário do século XVIII, resgatado de um convento em ruínas, em Viana do Castelo e doado ao município foi recuperado e vai ser mostrado ao público, a partir de quinta-feira, no Museu de Artes Decorativas.
A peça, apresentada hoje aos jornalistas pelo presidente da Câmara de Viana do Castelo, vai estar exposta na capela daquele museu, que integra a visita noturna as igrejas da cidade, uma tradição pascal secular cumprida, sempre, na quinta-feira Santa, dia 29 de março.
O roteiro inclui, no total, 24 igrejas e capelas situadas no perímetro urbano que vão estar de portas abertas entre as 19:00 e as 24:00. Este ano, pela primeira vez, a igreja de Santa Luzia faz parte da tradição.
“Conseguimos assim ter, para a visita às capelas, este belíssimo exemplar de um sacrário do século XVIII, que se pôde salvar graças ao trabalho da família que o retirou em tempo, antes de todo o convento se ter degradado”, explicou o autarca que realçou a “generosidade” da família proprietária da peça, que a doou ao município em 2015, tendo a sua recuperação sido realizada pelo técnico do Museu de Artes Decorativas, Filipe Freitas.
O Convento de São Francisco do Monte, datado do século XIV, adquirido em 2001 pelo Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC), está situado na encosta do Monte de Santa Luzia, e há anos que está votado ao abandono, à espera de uma intervenção de reabilitação que poderá custar vários milhões de euros.
Antes de chegar as mãos do IPVC, e com a extinção das ordens religiosas, o convento foi comprado em hasta pública em 1834, pelo Visconde de Carreira, que o transformou em exploração agrícola. A partir da década de 60 do século XX, o espaço conventual entrou em progressivo estado de degradação e, em 1987, o seu último proprietário, Rui Feijó, doou-o à Misericórdia local.
José Maria Costa sublinhou que a peça representa um “grande enriquecimento” do espólio do museu municipal, “podendo agora ser observada e valorizada pela comunidade”.
Presentes na apresentação do sacrário, as irmãs Teresa e Luísa Feijó, em representação da família que detinha a propriedade do sacrário, manifestaram-se “muito contentes” com a sua recuperação e exposição ao público.
“Não faz sentido, hoje em dia, ter uma peça destas numa casa particular”. O sentido deste tipo de peças será mesmo pô-lo ao dispor do público e, para isso, não poderia ser noutro sítio que não Viana, que é a terra de origem do próprio sacrário. Todos nós achamos que ele está onde devia estar”, destacou Luísa Feijó.