Em 2015 deixou de fumar. Quatro anos depois, já com uns “quilinhos a mais”, decidiu mudar de vida. Começou a correr e, em pouco tempo, já estava a fazer ultramaratonas. André Pereira tem agora tem um novo desafio: vai correr 777 quilómetros em sete dias, entre 05 e 11 de outubro, de Barcelos a Bragança, pela Rota Norte.
Natural de Ourém, distrito de Santarém, o ultramaratonista de 44 anos conta que, tirando o desporto escolar, nunca tinha praticado exercício até pouco antes da pandemia: “Nunca fui desportista, fumei durante 20 anos, até 2015, e depois tive quatro anos até começar a correr. Deixei de me sentir bem, a nível físico e psicológico, estava com uns bons quilinhos a mais e decidi colocar fim a essa vida mais sedentária e fazer algo por mim e pela minha saúde”.
Começou a ir ao ginásio e, ao fim de um mês, já o estavam a desafiar para participar numa prova de trail, de curta distância. Gostou de “toda a envolvente”, do contacto com a natureza, do convívio, e começou a fazer distâncias cada vez mais longas.
“Ao final de quatro meses já estava a fazer minha primeira ultramaratona, que são provas acima dos 42 quilómetros”, recorda em declarações a O MINHO. Depois, foi “sempre a subir”. Fez a PT281 (281 quilómetros na Beira Baixa) e a PT1001 (1.001 quilómetros de Chaves a Sagres, em 15 etapas).
Já fez a Nacional 2
Um bocado “enfadado” das provas, em que a competitividade se sobrepõe ao convívio, em 2023 lançou-se a fazer a Nacional 2, de Chaves a Faro: “Não fui pela questão do tempo, fui pela superação, mas conforme ia correndo ao longo da estrada, percebi que conseguiria bater o recorde, que era 145 horas. Fiz em 136 horas e 27 minutos, menos cerca de nove horas”.

O “desafio foi um sucesso” e agora lançou-se noutro. Vai voltar a “tirar férias para correr”, em outubro, e vai fazer a Rota Norte, percurso turístico com 777 quilómetros fundado pelo barcelense Marco Neiva em 2024.
“Pouco tempo depois de concluir a Nacional 2, acabei a ver através das redes sociais a Rota Norte e pareceu-me um desafio à altura. Ressaltou-me a beleza da rota em si, acaba por ser um trajeto diferente da Nacional 2, é mais diverso, tem mais altimetria, tem mais beleza”, nota.
Será o primeiro a fazer a Rota Norte a correr
Falou, então, com Marco Neiva para perceber se era viável. O barcelense disse-lhe que sim. Num ano, o percurso já foi feito por cerca de 10.000 viajantes, em vários meios de transporte, mas “nunca ninguém fez a correr, pelo menos que haja registo”. “Ficou o desafio de ser o pioneiro a fazer a rota a correr. Era para ser o ano passado, este ano voltamos a conversar e estamos com a força toda”, conta André Pereira.
A viagem vai partir da Tasca Tina Tina, na freguesia de Feitos, em Barcelos, onde nasceu a Rota Norte. Serão sete etapas de 111 quilómetros.
André Pereira terá uma equipa de apoio com autocaravana, tal como quando fez a Nacional 2, para alimentação, hidratação e descanso.

A Rota Norte une as estradas nacionais 103 e 222, passando pelo Minho, Trás-os-Montes, Douro e Porto.
O ultramaratonista considera que o “maior desafio será a altimetria”. “Conheço parte da Nacional 222 e tem um sobe e desce considerável, mas a 103, de Braga até Chaves, é quase sempre a subir”.
A finalizar, André Pereira deixa o convite a todos os que queiram acompanhá-lo em alguma parte do percurso a juntarem-se a ele: “Se desejarem fazer uns quilómetros comigo, serão todos bem-vindos”.