600 mil portugueses vivem com incontinência urinária, mas poucos procuram ajuda

14 de Março – Dia Mundial da Incontinência Urinária
Foto: Karen Neves

ARTIGO DE OPINIÃO

Karen Neves

Fisioterapeuta Pélvica. Saúde da Mulher. Formação em Pilates Clínico, e Reeducação Postural Global (RPG). Professora de Yoga. yogaefisioterapia.pt

A incontinência urinária é uma condição que afeta cerca de 600 mil portugueses, segundo estimativas da Associação Portuguesa de Urologia (APU).

No entanto, apesar do impacto significativo na qualidade de vida, apenas 10% das pessoas afetadas procuram ajuda médica, o que demonstra o enorme estigma e desconhecimento em torno do tema.  

A nível europeu, o impacto económico da incontinência urinária é expressivo. De acordo com o manifesto “An Urge to Act” da Associação Europeia de Urologia, em 2023, o custo da incontinência urinária para os sistemas de saúde europeus foi de 69,1 mil milhões de euros, e estima-se que este valor aumente 25% até 2030.  

A Sociedade Internacional de Continência (ICS) reforça que a incontinência urinária não é uma consequência inevitável do envelhecimento e que existem tratamentos eficazes.

No entanto, o desconhecimento e a vergonha impedem muitas mulheres de procurarem ajuda, levando a anos de sofrimento desnecessário.  

Muitas pessoas ainda acreditam que este é um problema exclusivo da população idosa, mas a incontinência urinária pode afetar mulheres de todas as idades.

Mulheres jovens, atletas, mulheres no pós-parto, na menopausa, após cirurgias ginecológicas… todas podem experienciar perdas involuntárias de urina.

Em muitos casos, as perdas começam pequenas, apenas umas gotinhas ao rir, tossir ou fazer exercício, mas isso não é normal e não deve ser ignorado.  

Como fisioterapeuta pélvica, o meu papel é consciencializar a população de que a incontinência urinária tem tratamento, e a fisioterapia pélvica é a primeira linha recomendada.

Através de exercícios específicos, técnicas manuais e outras abordagens, é possível fortalecer e reequilibrar o pavimento pélvico, ajudando a recuperar o controlo urinário e melhorando a qualidade de vida.  

Neste Dia Mundial da Consciencialização para a Incontinência Urinária, o meu apelo é claro: se tens perdas de urina, não ignore, não se envergonhe, e não espere anos para procurar ajuda.

O tratamento existe e pode fazer toda a diferença na sua vida!

 
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