O pároco de Afife, em Viana do Castelo, está a ser acusado de ter obrigado uma família a pagar 320 euros para a realização de um funeral, numa publicação que está a gerar polémica nas redes sociais, onde já soma mais de 600 partilhas e cerca de 200 comentários. Questionado por O MINHO, o padre Domingos Lourenço Vieira explica que a Fábrica da Igreja cobra uma taxa de 250 euros por “direitos paroquiais” e o restante valor é pelo serviço religioso. “Que não é para o pároco, é para a paróquia”, reforça.
Numa publicação no Facebook, Paula Quintas Correia conta que, no dia do funeral do pai, em 24 de março deste ano, “o senhor padre de Afife só celebrou a missa” após o pagamento de 320 euros, “caso contrário a missa não era celebrada”.
A mulher explica que o pai morava na freguesia de Areosa, também no concelho de Viana do Castelo, mas foi sepultado em Afife, uma vez que era de lá. “E também já lá se encontra o meu irmãozinho”, sublinha.
“No dia do funeral o senhor padre da igreja de Afife não acompanhou o corpo do meu pai da capela fúnebre até à igreja, assim que o carro fúnebre chegou à igreja o senhor padre de Afife não se encontrava à espera do meu pai e nem na igreja se encontrava, tivemos de esperar por ele. Apesar disso, o senhor padre de Afife só celebrou a missa de funeral do meu pai após eu e o meu marido pagarmos 320 euros, caso contrário a missa não era celebrada”, pode ler-se na publicação.
E acrescenta: “Ainda perguntei se o pagamento poderia ser feito na missa de 7.° dia, visto que o momento era de muita dor. A resposta que obtivemos do senhor padre de Afife foi que o pagamento tinha de ser feito naquele momento. Ainda deu a desculpa de que muita gente diz que paga depois e não paga e então é exigido pagamento antes do funeral, caso não seja pago não há missa”.
“Pela primeira vez na minha vida ouvi um absurdo destes. Pagar até posso concordar, o meu pai apesar de ser de Afife não morava lá, mas 320 euros e dizer que não celebra missa… Cada vez mais a igreja fica bem vista com estas atitudes”, conclui Paula Quintas Correia.
“Direitos paroquiais”
Contactado por O MINHO, o padre explica que “há uma taxa que é estabelecida pela Fábrica da Igreja Paroquial, de 250 euros, que são os anos todos que as pessoas não tinham pago direitos paroquiais. E depois é o serviço religioso, que não é para o pároco, é para a paróquia”.
Ou seja, a quem não contribui para a paróquia – habitualmente, é estipulado um dia de trabalho por ano – a Fábrica da Igreja de Afife, da qual o pároco é o presidente por inerência, apresenta aquela taxa. À qual acresce a cobrança do serviço religioso em si.
“Portanto, o pároco em si nos serviços religiosos não leva nada. Todas as ofertas são dadas para o fundo paroquial, que é a vida da comunidade paroquial, o pároco não leva dinheiro nenhum”, vinca Domingos Lourenço Vieira.
O sacerdote considera que a crítica não tem “qualquer fundamento”: “Não levei dinheiro estritamente nenhum. Aliás, o recibo não é passado por mim, é passado pela Fábrica da Igreja Paroquial”.
Domingos Lourenço Vieira assinala, ainda, que apenas cumpriu a família “antes da celebração, normalmente”, e que não teve qualquer conversa acerca de pagamentos. “Foram informados pela agência funerária do que tinham de dar à Paróquia, tudo o resto é falsidade”, garante.
Em relação ao valor de 250 euros cobrado pela Fábrica da Igreja pelos “direitos paroquiais”, o padre considera que “não é nada de excecional, porque as pessoas [que a têm de pagar] nunca colaboraram em nada com a Paróquia”.
O MINHO contactou a Diocese de Viana que não quis comentar o caso.