Um minuto foi quanto durou. O silêncio deu lugar a chaminés a cair, a louça a sair de dentro
dos armários. O barulho espalha-se pelos bairros e cidades um pouco por todo o país. A população sai para a rua, afastando-se dos prédios com medo de outro abalo.
Eram 03:41 quando ocorre o sismo de magnitude 8 na escala de Richter, com epicentro no mar, a sudoeste do cabo de S. Vicente.
A madrugada de 28 de fevereiro de 1969 fica registada como a data o sismo de maior magnitude sentido na Europa desde o grande terramoto de Lisboa de 1755.
As telecomunicações foram cortadas e o fornecimento de energia elétrica interrompida.
Os maiores danos foram registados na Costa Vicentina e no Algarve, onde uma aldeia praticamente desapareceu, mas também causou estragos em Lisboa e na zona Norte do país.
Há ainda a registar no país, oficialmente, 11 mortos e dezenas de feridos, 58 dos quais em Lisboa.
Para além do continente português, foi sentido na Madeira, Espanha, Marrocos e França, tendo ainda sido gerado um pequeno tsunami registado instrumentalmente.
O Instituto Português do Mar e da Atmosfera, (IPMA), o Instituto Superior Técnico, a Faculdade de Ciências e o laboratório associado Instituto Dom Luiz estão a lançar um inquérito macrosísmico nacional por ocasião dos 50 anos sobre o grande sismo de 1969.
O sismo ocorreu numa época em que a instrumentação sísmica não estava ainda suficientemente desenvolvida, sendo fundamental complementar os poucos registos instrumentais de então com os testemunhos da população afetada.
Neste momento, as tecnologias de comunicação permitem uma recolha de dados muito mais alargada do que a que foi possível naquele tempo.
“E, por motivos facilmente compreensíveis, não haverá no futuro outra ocasião com este significado e com real possibilidade de se salvaguardar esta memória”, dizem os responsáveis do IPMA.
“É por isso agora o momento certo para realizar um inquérito macrosísmico sobre os efeitos
deste sismo tão importante”.
