O Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos do Norte denunciou hoje que 250 motoristas do grupo privado Arriva estão a ser forçados a trabalhar sem máscara ou luvas, desrespeitando medidas para travar a Covid-19.
Em declarações à Lusa, o coordenador do Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos do Norte (STRUN), José Manuel Silva, afirmou que nesta situação estão motoristas do grupo Arriva e de outro grupo da região do Vale do Sousa.
No caso da Arriva, que emprega cerca de 250 motoristas, refere o dirigente, foi dada uma “saquinha com dois pares de luvas e uma máscara”, para ser usada apenas “em caso de emergência”.
“Foi dado aos trabalhadores uma saquinha com um aviso que dizia: atenção é para usar em situação de emergência. Não utilizes se não for necessário. Estes materiais são difíceis de arranjar”, explicou o dirigente sindical.
A Lusa contactou também o grupo Arriva, mas até ao momento sem sucesso.
De acordo com a página na Internet do grupo Arriva Portugal, a empresa, que desenvolve a atividade de transporte regular de passageiros desde 1926, tem cerca de 190 concessões, operando mais de 200 linhas em 16 concelhos diferentes (Guimarães, Famalicão, Braga, Fafe, Póvoa de Lanhoso, Vieira do Minho, Barcelos, Santo Tirso, Trofa, Póvoa do Varzim, Vila do Conde, Maia, Matosinhos, Porto, Terras de Bouro e Vizela).
A Arriva Portugal possui ainda duas operações urbanas, detendo 100% dos TUG, operação urbana no concelho de Guimarães e 66% dos TUF, a operação em Vila Nova de Famalicão. De referir ainda uma percentagem de 20% dos TUST – Transportes Urbanos de Santo Tirso.
O STRUN disse ainda que a Auto Viação Cura, que serve os concelhos de Viana do Castelo e Ponte de Lima e emprega cerca de 50 motoristas, impôs “férias” aos trabalhadores, alegando o encerramento de portas face à diminuição do número de passageiros devido à Covid-19.
A Lusa questionou aquele operador, mas até ao momento sem sucesso.
O sindicalista José Manuel Silva denunciou ainda que os motoristas continuam “a lidar com o dinheiro” e, perante a recusa de alguns trabalhadores em o fazerem, houve ameaças de que no fim do mês não iriam receber o subsídio de agente único.
Segundo o sindicato, o grupo está ainda a “obrigá-los a gozar férias, sem lugar a satisfação”.
“Os trabalhadores até admitem gozar algumas férias porque compreendem a situação da empresa, mas não é todo o período de férias”, disse.
Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) elevou hoje o número de casos confirmados de infeção para 785, mais 143 do que na quarta-feira. O número de mortos no país subiu para três.
A região Norte é aquela que regista o maior número de casos confirmados (381), seguida de Lisboa e Vale do Tejo (278), da região Centro (86), do Algarve (25) e Alentejo (2).
Portugal encontra-se em estado de emergência desde as 00:00.